
Os fãs cearenses de séries japonesas, especialmente do gênero tokusatsu, tiveram que esperar oito anos para assistir a um novo show de Akira Kushida. Ele esteve presente pela terceira vez no Sana, em Fortaleza, nesta sexta (27). As outras vezes em que ele cantou no palco do evento foram em julho de 2007 e em julho de 2010. Semana passada o cantor se apresentou em São Paulo no evento World Pop Festival e neste domingo (29) estará em Recife no evento Super Con.
Todas as músicas foram tocadas em playback, como já aconteceu em algumas apresentações do cantor e de alguns outros no Sana. Diferente do que acontecia tradicionalmente em suas apresentações, Kushida abriu o show às 19h04 com “Ultimate Battle”, tema do Instinto Superior em Dragon Ball Super, ao invés do clássico tema de abertura de Jiban. Por ser uma canção ligada à famosa franquia criada por Akira Toriyama, serviu como hype de sua passagem em nosso país.

Kushida conversava com o público em alguns intervalos (com auxílio de um tradutor). Carismático o tempo todo, cumprimentou os espectadores e disse que estava muito contente por estar na capital alencarina e por curtirem “Ultimate Battle”. Perguntou se as pessoas conheciam Toriko e disse “pra quem não sabe, finge que é uma música nova”. Antes de tocar “Guts Guts”, tema de abertura do anime, acidentalmente começa a tocar “Ore Ga Seigi da Juspion”. Kushida estava quase entrando no embalo até que começa a tocar a canção correta. O tema de abertura de Jaspion finalmente toca em seguida.
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Akira Kushida, a voz dos Metal Heroes
Kushida comentou que gravou ainda nesta semana uma canção em português. Disse que é segredo e cantou um trechinho. E como este blogueiro guarda segredo, não conto nem sob tortura. O que posso dizer é que não tenho dúvidas que irá marcar história e todos vão curtir a novidade*. Kushida confessou que português é uma língua difícil e que assim que tiver um “ok”, a música nova vai ser lançada completa na internet.

Antes de iniciar a próxima rodada musical, Kushida perguntou se o público conhecia as músicas dos Policiais do Espaço. Brincando, disse: “eu acho que a galera aqui não conhece muito essa música, não. Eu vou ensinar a vocês. É mais ou menos assim”. E na sequência cantou os temas de abertura de Gavan, Sharivan e Shaider. Essa última, inclusive, não era cantada nos shows de Kushida até pouco tempo. Talvez tenha sido incluída por causa da série de filmes Space Squad, onde a nova geração dos Policiais do Espaço está presente ao lado de outros heróis das franquias Metal Hero e Super Sentai. No começo de cada uma dessas três canções, Kushida imitava as poses de transformação dos respectivos heróis. Ao encerrar a rodada, o cantor disse “eu achei que vocês não soubessem nada, mas obrigado por terem entrado na onda junto comigo”.
Kushida relembrou que cantou um tema japonês do filme Mad Max (veja aqui) e que por causa dele começou sua carreira como cantor de tokusatsu lá no início dos anos 80. Na época o produtor ouviu a versão e pediu para que ele cantasse o tema do Super Sentai de 1981. Foi daí que Kushida cantou ao vivo o tema de abertura de Sun Vulcan.

Logo após, o computador sofreu um problema técnico. Kushida disse que a próxima canção é muito bonita e que iria esperar o problema ser resolvido para cantar. Enquanto isso, interagiu com o público. Contou que gosta de churrasco e reafirmou seu amor por caipirinha. Lembrou que, em 2007, um fã estava segurando uma garrafa de cachaça e o entregou no meio do show.
O público entrou em delírio quando começou a tocar “Ginga no Tarzan”, um dos temas de inserção mais aclamados de Jaspion. Na hora da parte instrumental da música, o playback deu problema. Com bastante simpatia, Kushida disse: “talvez essa música seja tão amada por vocês que ela não aguentou tanta energia nela”. Citou um trecho da música “Powerful Fighter Juspion” que fala justamente sobre energia. Kushida resolveu puxar mais uma prosa com os fãs enquanto o problema se resolvia e contou que os brasileiros sempre pedem por “Ginga no Tarzan” e que percebe o quanto nós gostamos dessa música. Kushida não costumava cantá-la em seus show no Japão e isso era raro, mas muita gente no Brasil começava a pedir e isso o impressionou. Por causa disso, a canção também passou a ser tocada mais vezes na terra do sol nascente e chegou a ser interpretada num programa da emissora estatal NHK. Os fãs japoneses ficaram com “ciúmes” desde então e começaram a pedir também as músicas de Jaspion. Kushida retribui esse reconhecimento ao público brasileiro. Relembrou que em sua primeira vinda ao Sana cantou “É Isso Aí”, música de Ana Carolina e Seu Jorge. Kushida confessou que não gosta muito das estradas do Brasil e que vez por outra, quando estava em algum ônibus, batia a cabeça.

O problema foi resolvido e Kushida brincou perguntando: “será que o computador agora está de bom humor?” Prosseguiu cantando “Ginga no Tarzan” mais uma vez. O público apreciou o momento com mais calma desta vez. Kushida estava bem animado e dançando quando a música deu problema de novo durante a mesma parte instrumental. Mais uma vez brincou: “parece que a música está cansada”. O show tinha que continuar e Kushida seguiu com “Chou Wakusei Sentou Bokan Daileon”. Sem perder o bom humor, pediu desculpas ao publico pelo problema com a outra faixa. Em seguida alguém da platéia pediu para que ele cantasse o tema de encerramento de Abaranger (Super Sentai de 2003). À capela, Kushida soutou uma palinha do refrão e disse que não trouxe a faixa e que se soubesse que o público gostasse tanto, teria inserido na setlist. Prometeu cantar na íntegra na próxima vez.
Kushida queria muito cantar outras músicas de seu repertório como o tema de abertura do animê Kinnikuman, por exemplo, mas tinha outras músicas na agulha como os temas de Jiban e de Jiraiya. Foram as últimas do show. Kushida disse que estava muito feliz e não escondeu a vontade de retornar ao Sana. Falou que no próximo ano irá completar 50 anos de carreira. Na mesma hora o público o reverenciou e foi retribuído com os agradecimentos do cantor. Kushida encerrou com chave de ouro ao interpretar “SHI NO BI ’88”, tema de encerramento de Jiraiya. O artista japonês agradeceu mais uma vez aos fãs que diziam “Kushida! Kushida! Kushida!”. “Me chamem de novo, Brasil”, disse o cantor ao encerrar a apresentação às 20h16.
Por causa do tema de Dragon Ball Super, o público mais jovem se interessou e marcou presença. Mas quem vibrou mais certamente foi o público que cresceu assistindo os clássicos da era Manchete. O saudosismo foi o ponto alto da apresentação. Aos 71 anos de idade, Akira Kushida mostra que ainda tem muito vigor para bradar como um leão em suas canções. Sem dúvida alguma o público fortalezense não irá esquecer esse show que foi tão bom quanto na primeira passagem de Kushida ao Sana.
PS: Apesar de não ter sido a atração musical principal desta edição, Kushida renovou a força do tokusatsu e isso pode motivar o evento a voltar a investir mais e mais em shows do gênero como nos velhos tempos. E a gente espera que esse hiato não seja tão demorado.
Veja a setlist das músicas do show:
Ultimate Battle (inserção de Dragon Ball Super)
Guts Guts (abertura de Toriko)
Ore Ga Seigi da Juspion (abertura de Jaspion)
Uchuu Keiji Gavan (abertura de idem)
Uchuu Keiji Sharivan (abertura de idem)
Uchuu Keiji Shaider (abertura de idem)
Taiyou Sentai Sun Vulcan (abertura de idem)
Ginga no Tarzan (inserção de Jaspion)
Chou Wakusei Sentou Hokan Daileon (inserção de Jaspion)
Kidou Keiji Jiban (abertura de idem)
Ashita Yohou Wa Itsumo Hare (encerramento de Jiban)
Jiraiya Sanjou (inserção de Jiraiya)
Jiraiya (abertura de idem)
SHI NO BI ’88 (encerramento de Jiraiya)
*Nota do blog (7 de setembro de 2018): A tal novidade se trata da The Space Wolf Symphony, um tributo aos 30 anos de Jaspion lançado em 6 de setembro de 2018 no canal Anison Lab, tocado pelo grande Ricardo Cruz e pelo guitarrista Lucas Araújo. Akira Kushida cantou os temas principais da série, além do tema de abertura em português do herói. Só quem estava no show do Sana soube que ele cantaria esse tema, pois o mesmo deu uma palinha. Mas o que ninguém esperava é que seria uma orquestra dedicada ao Jaspion. Fiquei sabendo logo depois em off e aguardei os anúncios. Escrevi sobre a homenagem na edição 13 da Coluna do Daileon no site JBox.
Pena que dia 27 de julho foi bem complicado pra mim.
Queria muito ter ido nesse show.
Obrigado Cesar por ter feito essa matéria me senti representado.
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Valeu, Davi. Uma pena que o show do Kushida tenha caído numa sexta-feira. Um dia atípico para uma atração como ele. Certamente teria mais pessoas se fosse no sábado ou no domingo. Enfim, apesar das falhas, foi um show inesquecível. Abraços.
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