Fantomas – o filme tokusatsu de 1966

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O Morcego Dourado em sua versão cinematográfica

Em 1931, surgia um dos nomes mais importantes da cultura pop. Seu nome: Ogon Bat. Algo como “Morcego Dourado”. O personagem foi criado por Takeo Nagamatsu diretamente para kamishibai, o antigo teatro de papel. Ogon Bat é o primeiro super-herói japonês e é também o precursor de renomados heróis dos quadrinhos como Batman e Superman, que surgiram no final dos anos 30. No Brasil, Ogon Bat é conhecido como Fantomas – o Guerreiro da Justiça, da série de anime de 1967, exibido por aqui pela Record nos anos 70 e reprisado exaustivamente até a primeira metade dos anos 80. O rebatismo se deve por uma tentativa de associar o rosto do herói com a máscara de um lutador de luta-livre da época, famoso entre os anos 60 e 70 que aparecia sempre em programas como Telecatch, por exemplo.

Meses antes da estreia da clássica série animada, o cinema japonês exibiu um filme do herói em estilo tokusatsu. Produzido pela Toei Company, Fantomas – o Guerreiro da Justiça estreava em 21 de dezembro de 1966. Foi daí que surgiu o famoso tema de abertura. Um meio de promover o anime feito pelo estúdio Daichi Doga. Na história vemos Sonny Chiba (o Voicer da série Uchuu Keiji Gavan) como o Professor Yamatone. Ele recruta o jovem cientista Akira Kazahaya para deter a chegada do planeta Icarus, que mudou de rota e está em direção à Terra. Yamatone trabalha secretamente com sua família. Para deter Icarus, eles vão em busca de um diamante que é a força essencial para deter o tal corpo celeste.

Por outro lado está o diabólico Dr. Zero (Dr. Nazo), que é o responsável pela mudança de rota do planeta Icarus. Em meio à patrulha, Akira, Yamatone e equipe descobrem uma ilha que não consta no mapa. O local, na realidade, é o que sobrou da antiga civilização de Atlântida. Lá eles descobrem um sarcófago com um esqueleto. A mensagem diz que este é Fantomas, um herói de dez mil anos que despertará novamente apenas em nome da justiça. Sempre em momentos de crise, quem deverá chamá-lo é a garota Emily, através de um broche com um formato de um morcego.

Fantomas – o Guerreiro da Justiça foi dirigido por Haijme Sato (1929~1995). Ele é conhecido por clássicos filmes tokusatsu como Kaitei Daisensou (1966) e Kyuketsuki Gokemidodou (1968). No elenco está o ator turco Andrew Hughes, conhecido por filmes tokusatsu como A Fuga de King Kong (1967), O Despertar dos Monstros (filme do Godzilla de 1968), entre outros. Sempre falando em inglês e tento sua voz dublada em japonês. Outro rosto conhecido do tokusatsu é o de Hiroshi Nakata, o Captain Ultra da série-homônima de 1967 (que serviu como “tapa-buraco” no período de hiato entre Ultraman e Ultra Seven). Nakata também pode ser visto nas primeiras séries das franquias Kamen Rider e Super Sentai, no filme Mensagem do Espaço (de 1978) e no episódio 29 de Gavan (de 1982). E no início do filme, Yukio Aoshima (1932~2006) aparece como um oficial de polícia. O ator foi governador de Tóquio entre 1995 e 1999.

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Capa do DVD japonês do filme

Com apenas 73 minutos, o filme tenta focar nos personagens principais em meio ao ritmo frenético de aventura. Consegue divertir com boas sequencias de ação, naves de brinquedo, maquetes e coisas do tipo. E tudo isso com aquele charme do cinema preto-e-branco que já estava praticamente com os dias contados. Vale a pena ver e rever o esqueletão que deixou sua risada assombrosa como registrada na memória da criançada dos tempos “pré-Manchete”.

O filme de Fantomas foi lançado no Brasil em 2013 pela Cult Classic. A mesma empresa também trouxe – de forma não-oficial – a série animada de volta, em DVD, na mesma época.

*Texto publicado originalmente em 21 de dezembro de 2016, dia do cinquentenário do filme. Devidamente revisado e atualizado.


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