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Quando a série vigente de Kamen Rider estreou, ficou a impressão de que a trama poderia evitar os erros cometidos em Kamen Rider Decade. Disse nesse texto que Kamen Rider Zi-O lembrava um pouco a premissa da série de 2009 e achava na época que tinha potencial para fazer uma justa homenagem aos Heisei Riders. Até tem, mas o problema é que o tempo foi passando para a jornada de Sougo Tokiwa e pontas ficaram soltas no ar.

Os atores principais são bem canastrões. Provavelmente as atuações mais penosas são do ator So Okuno (Sougo/Zi-O) e da atriz Shieri Ohata (Tsukuyomi), onde, respectivamente, um não desenvolveu o entusiasmo para um jovem que quer ser rei e a outra tem expressões meio esquisitas. Porém eles se esforçam para serem memoráveis para o público.

A primeira metade da série foi considerável, mas a segunda começou a falhar em vários detalhes. Por exemplo, os Another Riders se manifestavam, mas os respectivos poderes de heróis como Agito, Blade e Kabuto não desapareceram. Vimos também o surgimento do vilão espacial Kamen Rider Ginga, que tinha tudo pra vingar por mais tempo, mas acabou fadado como uma mera fonte para aprimorar os poderes de Kamen Rider Woz (e cumprir tabela no catálogo de brinquedos).

Depois que o herói alcançou a forma final Kamen Rider Grand Zi-O, as inconsistências foram aumentando. A tal distorção de tempo não convence. Uma saída mais fácil para explicar é que Swartz pode controlar o tempo, como foi dito na série. Mas não dá pra saber como Hiryu Kakogawa se tornou rei num presente totalmente alterado – e pôde se transformar no Another Zi-O II. Mais bizarro ainda é ver Geiz e Tsukuyomi, que vieram de 2068, estarem no ano 2019 alterado. Tudo bem que eles não poderiam se lembrar de Sougo, mas qual a motivação para eles estarem no presente, se a motivação inicial deles era deter o aspirante a Oma Zi-O? A resposta pode ser a luta contra Hiryu, mas claramente algo deu muito errado nessa linha do tempo. Ah, como Hiryu se tornou rei? Isso nunca foi explicado. E foi só Zi-O derrotar o Zi-O II para que o presente voltasse ao normal, num passe de mágica e com Geiz e Tsukoyomi voltando a lembrar de tudo do jeito que era antes. Algo tão surreal que nem o Dr. Emmett Brown (da trilogia De Volta para o Futuro) conseguiria entender.

Ainda assim, outro detalhe que não convence é que Tsukuyomi e Swartz são irmãos de diferentes linhas do tempo. Em 2058, o jovem Time Jacker apagou a memória de sua irmã e a enviou para 2068 da realidade de Oma Zi-O. Só que Tsukuyomi deveria ter aproximadamente 10 anos em 2058 e uns vinte em 2068. Como explicar essa diferença de idade? Outro detalhe é que 2058 parecia calmo demais. Seria um futuro de uma realidade paralela onde Oma Zi-O ou Zi-O II nunca existiram?

E as indagações não param por aí. Tsukasa Kadoya/Kamen Rider Decade e Daiki Kaito/Kamen Rider Diend continuam os mesmos misteriosos nonsense. Ou até pior que em 2009. Falando naquele ano, como Tsukasa foi parar ali como um motorista de ônibus na cena do acidente que vitimou os pais de Sougo? Ou melhor, onde esse ponto se encaixaria durante os eventos de Kamen Rider Decade, considerando que o evento ocorreu em 24 de abril daquele ano? Considerando as datas de exibição, aconteceu em algum espaço entre o arcos de Agito e Den-O?

Como se não bastassem os furos de Decade, agora vemos o anti-herói Tsukasa transitando por qualquer tempo e sem precisar de cabine para isso. Ao menos sabemos que ele está investigando as alterações no fluxo de tempo. Kaito é aquele mesmo ladrão que faz qualquer coisa por qualquer negócio. E ainda ganhou poderes de um Time Jacker como “presente” de Swartz.

Não tem como negar. É exatamente com o trocadilho infame que devemos concordar que Kamen Rider Zi-O virou “outro Decade”, com um pouco mais de duração e “enredo”. Se há alguma expectativa, ou melhor, previsibilidade é que a série deverá terminar sem cliffhanger, sem respostas para as perguntas mencionadas acima e com as saídas mais banais que pudermos imaginar.