Kamen Rider Zi-O: Over Quartzer é o filme de verão mais nonsense da era Heisei

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Barlckx e Zi-O (Ohma Form) duelam em Over Quartzer | Divulgação

A era Heisei terminou de maneira extremamente confusa para a franquia dos motoqueiros mascarados. Kamen Rider Zi-O tinha tudo para ser uma série comemorativa diferente e fugir de problemas como lacunas que continuam abertas desde Kamen Rider Decade. Com o tempo, a trama foi perdendo a mão e se tornou uma colcha de retalhos. Prova disso são as mudanças bruscas da cronologia na reta final da série de TV, que não foram explicadas até o momento (e talvez nem Freud ou Shirakura possam justificar).

Kamen Rider Zi-O tinha a premissa de homenagear os Heisei Kamen Riders com viagens para anos referentes a cada série, a fim de proteger (de alguma forma) histórias que foram alteradas pelos Time Jackers. A grande maioria dos astros principais retornaram para seus papeis de origem. O objetivo do programa dominical foi mudando e alguns dos Riders retornaram para o presente e sem perderem seus poderes. Com a chegada do verão japonês (no meio do ano passado), Kamen Rider Zi-O se aproximava da reta final. Mas antes, o herói que queria ser rei tinha que cumprir uma tradição: ter seu (segundo) filme nas telonas e, indiretamente falando, preparar o terreno para o seu sucessor.

Kamen Rider Zi-O: Over Quartzer é um filme cânone, segundo o produtor Shinichiro Shirakura (via Twitter), e os eventos se passam antes do chambão que foi o final da série de TV. Sougo Tokiwa, o alter-ego de Zi-O e seus companheiros Geiz, Tsukuyomi e Woz viajam para o ano de 1575 – durante o prelúdio da Batalha de Nagashino, a fim de salvar uma antepassada de Krim Steinbelt, o falecido cientista da série Kamen Rider Drive. Os jovens se deparam com novos inimigos chamados de Quartzers. Tentando não alterar a história, Sougo e cia percebem que Oda Nobunaga, o grande daimyo do período Sengoku, é na verdade um completo covarde e apela para os heróis do futuro durante a guerra.

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Alguns dos Heisei Riders reunidos para a “grande” batalha | Divulgação

Com a aparente preservação da história japonesa da interferência dos Quartzers, Sougo e os outros retornam para o presente (em 2019). Tudo isso foi uma mera distração para o líder do bando, Kamen Rider Barlckxs, aplicar um golpe que pode reescrever a história.

Over Quartzer é um filme tão estranho quanto a série televisiva de Kamen Rider Zi-O. De longe percebemos que a trama é descompromissada com o legado da franquia. É mais um fanservice barato que entrega várias inconsistências para o público, além de endossar mais uma vez o pretendido reinado de Sougo. Com uma introdução corrida, a viagem para a era Sengoku pode ser considerada como descartável. A aparição dos Quartzers comprovou que Woz é praticamente um servo de “aluguel”, que está disposto a trair seu próprio lorde ainda que sem causa.

Não sei se essa foi a intenção do filme, mas a impressão é que os Quartzes, representam a era Showa com um certo antagonismo, questionando algumas vezes os problemas da era Heisei de maneira metafórica (a rixa entre “Raiz” e “Nutella” se encaixaria bem na representação). Mas a recente geração foi defendida com um velho simplismo da Toei, ao jogar todos os Riders principais da era Heisei com uma sequência espalhafatosa de Rider Kick. Nada inovador. A coisa fica mais esquisita ainda com aparições inusitadas (e inesperadas) de alguns personagens da franquia, com direito a uma participação vinda diretamente das páginas de mangá (!).

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A ascensão dos heróis da era Heisei | Divulgação

Ainda assim, o Over Quartzer é curioso por apresentar os novos vilões formados por um trio de Kamen Riders com referências a alguns heróis. Barlckxs é uma homenagem ao Black RX; Zonjis ao Shin, ZO e J; e finalmente Zamonas à série Kamen Rider Amazons. Vale mencionar a participação especial do comediante Noritaki Kinashi, que reprisa o papel de Takeshi KInashi, o protagonista da série de paródia Kamen Norider (1988~90). Outros destaques ficam para o cantor ISSA (do tema de abertura) como Barlckx e da atriz nipo-marroquina Eru Aoba como Lady Clara.

Em suma, Over Quartzer encerra a era Heisei como os crossovers entre os Riders quase sempre foram: com referências aleatórias, roteiro sem objetividade, soluções mágicas para arrematar a película. A palavra nonsense ainda é a mais adequada para descrever o grande problema dos Heisei Kamen Riders. Qualquer filme com o Decade como protagonista é melhor que algum com o Zi-O. A franquia pode sim ter filmes com roteiros mais inteligentes e é o que se espera agora na era Reiwa.

PS: Tem um cena pós-créditos com o Kamen Rider Zero-One.


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