Blog Daileon – Comentários, notícias e opinião sobre tokusatsu e o melhor da cultura pop japonesa

O fandom de tokusatsu foi pego de surpresa na tarde deste domingo (16) com o anúncio da volta de Kamen Rider Black para a TV brasileira. O clássico de Shotaro Ishinomori vai substituir Jaspion nas manhãs de domingo, a partir do próximo dia 30. Até então, o lançamento de Black aconteceria primeiro na plataforma de streaming Amazon Prime Video.

Em comparação com as séries tokusatsu que estão em exibição na emissora do Morumbi, Black passou mais tempo fora das nossas telinhas. Pra ser mais exato: desde 15 de julho de 1994 (quando foi ao ar pela última vez na extinta Rede Manchete). 26 anos, 1 mês e 15 dias. Durante esse período, o Homem Mutante (como é referido na versão brasileira) se tornou um cult, ao lado de títulos como Jaspion, Jiraiya, Jiban, Changeman, Flashman e Cybercop.

Há quem diga que o herói-título não tenha impacto suficiente para substituir Jaspion. Ledo engano. Black é um nome que está à altura do Tarzan Galático. Claro que ele não repetiu o mesmo fenômeno daquele que abriu o filão junto com Changeman, mas marcou a memória afetiva de muita gente. Basta perguntar para qualquer pessoa que acompanhou essas séries na época (seja ou não um fã inveterado) e ela vai responder que lembra da série e que gostaria muito de assistir o último episódio, que ainda permanece inédito no Brasil.

E vale ressaltar que esta não foi apenas mais uma série que passou na Manchete. Foi uma das melhores e seu episódio de estreia é considerado um dos mais bem feitos pela Toei. Mesmo com as indefinições no comando do staff de produção (que culminou na saída do saudoso roteirista Shozo Uehara do projeto), a trama de Black teve uma grande qualidade. Era uma série sombria e era carregada de suspense. O ponto alto foi o nascimento de Shadow Moon, que era na realidade Nobuhiko Akizuki, o irmão adotivo de Issamu Minami. Os dois chegaram a travar uma luta mortal que ficou eternizada na memória do público.

E até hoje não se sabe qual motivo, razão ou circunstância que levou o último episódio a cair num “eterno ineditismo” no Brasil. Dizem que a Manchete segurou o mesmo para garantir audiência (estratégia cansativa que prejudicou os finais de algumas outras séries da época). Dizem também que o final nunca foi dublado (pelo menos os próprios dubladores não lembram disso ter acontecido). Várias lendas urbanas foram criadas na internet em torno desse “cliffhanger” forçado (incluindo até uma suposta versão de 10 minutos, que já foi desmentida aqui e aqui neste blog).

Não se trata de uma mera nostalgia, mas só quem acompanhou Kamen Rider Black do início ao fim entende o quanto a produção era cativante. O clássico estava à frente das séries Metal Hero e Super Sentai do momento. Poderia ser mais se a Toei tivesse um orçamento maior e, consequentemente, seguisse à risca os conceitos de Ishinomori. O que vimos foi o suficiente para marcar as lembranças e a história do tokusatsu no Brasil.

Kamen Rider Black deverá retornar implacavelmente para a TV brasileira. O início de seu novo ciclo começa de maneira praticamente sólida. Em breve, a atual faixa dominical voltará a ser ocupada pelas partidas de futebol (que estão voltando após a pandemia da COVID-19). Mas é certo que a parceria entre a Band e a Sato Company está se fortalecendo e pode ser impulsionada com patrocínios, a medida que a economia for se recuperando.

Não tenha dúvida: cedo ou tarde, a série fará a diferença, tanto para a emissora quanto para os fãs que querem ver o herói na TV, com imagem remasterizada em HD e com o final dublado. A espera não é ansiosa a toa.