Blog Daileon – Comentários, notícias e opinião sobre tokusatsu e o melhor da cultura pop japonesa

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Quem acompanhou as exibições das séries clássicas de tokusatsu nas manhãs de domingo da Band sabe muito bem que elas começaram como tapa-buraco, devido à pandemia do novo coronavírus. Com o Sub-20 suspenso, o trio formado por Jaspion, Changeman e Jiraiya entrou na programação da emissora do Morumbi em 22 de março deste ano – exatamente no dia em que iria estrear o campeonato de futebol.

Esse papo sobre ser ou não ser um tapa-buraco (comentados aqui e aqui) já deveria ter sido superado há muito tempo. Mas há aquela torcida que ignora o sucesso e o potencial dos clássicos durantes os últimos seis meses e que não foi capaz de tecer um elogio. A não ser no início, quando alguns surfaram na onda e até reconheceram que o Tarzan Galático havia deixado um “legado” no Brasil.

Por outro lado, uma blogueira famosa do meio otaku quase sempre, digamos, destilou seu veneno contra o gênero. Em um de seus artigos, especificamente sobre o dia em que o tempo das séries foi reduzido por um especial da cantora Cláudia Leitte (em 14 de junho), ela disse o seguinte: “Vamos ver no próximo domingo pois a Band sempre consegue novas formas de nos surpreender…negativamente“. Não demorou muito e a Band, juntamente com a Sato Company, acertaram um reajuste na programação e a duração voltou a ter as 2 horas de antes. Tal conquista se tornou uma pauta irrelevante para seu tabloide sensacionalista. Mas ela não contava com o sucesso que as séries (ainda) estavam fazendo.

Com audiência que ficava entre 1 e 2 pontos, mantendo sempre a Band em quarto lugar (o que é muita coisa para a emissora nas manhãs de domingo), os clássicos do tokusatsu tiveram a pior audiência registrada, até o momento, em 5 de julho, data em que a Fórmula 1 voltou do hiato e foi transmitida pela Globo. Jaspion, que geralmente alcança audiência em torno de 1,5 a 2 pontos, tinha marcado apenas 1,0. Até aí, normal. É compreensível, uma vez que se trata de um evento esportivo. Mesmo assim, a audiência melhorou nos domingos seguintes.

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Pra se ter uma ideia, Jaspion marcou 2,5 pontos em sua penúltima semana – dia 16 de agosto. Um empate técnico com o dia da estreia, que teve pico de 2,6, dobrando a audiência da Band no horário. Nesse mesmo dia, as três séries juntas estiveram no Top 5 da Band, com média de 1,7. A mesma pontuação rolou no dia 30, com a estreia de Kamen Rider Black, também ficando entre os programas mais assistidos da casa. Os números parecem ser pouca coisa, mas a audiência é parecida com a média das séries Ultraman, Kamen Rider e Super Sentai de hoje. Um bom resultado.

É preciso que se diga que essa média de audiência também era a mesma de Jiraiya e Maskman em 1999, ano da extinção da Manchete. Ambas figuraram o Top 5 da saudosa emissora carioca. Como disse meu camarada Matheus Mossmann neste artigo, essas séries estavam na programação “muito mais em função de quase não existir nenhum programa próprio na Manchete do que por ser realmente um sucesso“. Tapa-buraco? Sim. Poderiam continuar? Só se a RedeTV! quisesse e apostasse na força dos produtos. A diferença é que agora os clássicos ficaram notórios na imprensa não-especializada.

Voltando para 2020: para não deixar sombra de dúvida do peso destas séries, meu camarada Danilo Modolo, do canal TokuDoc, fez esse tuíte onde ele confirmou que a Band teria “interesse de continuar passando tokusatsu“, mesmo com uma possível volta do Sub-20 em setembro. Se o investimento não valesse a pena, Kamen Rider Black não teria estreado em 30 de agosto passado. Mas, como bem sabemos, a série de 1987, que teve uma forte divulgação (feita muito mais pela Sato Company, canais de YouTube, blogs e sites de notícias e fãs do que a própria Band), foi suspensa pela lei dos direitos conexos. O resto é história. O que passar disso, são meras narrativas das duas respectivas torcidas tribais e desprovidas de senso de proporção.

Agora, com a notícia da possível substituição de Jaspion e cia pelo Campeonato Alemão de Futebol – que publiquei nesta quarta (9) no site JBox, a mesma turma do contra saiu vociferando nas redes sociais dizendo “Eu avisei que era tapa-buraco!”, “O tempo provou que não somos torcedores do contra coisa nenhuma” e coisas do tipo (risos).

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Independentemente do campeonato, o futebol iria voltar mesmo assim. Todos sabíamos disso. Aliás, a Band é conhecida há longa data por ser “o canal do esporte“. Se os clássicos saírem mesmo do ar, não será por causa do futebol apenas, mas provavelmente será pela pendência entre a distribuidora e o dublador oficial do Kamen Rider. Ainda é cedo para falar sobre esse caso, mas esse detalhe é o fator que pode ser determinante na tomada de decisão da emissora.

Há também a questão de patrocínios. Esportes, programas de culinária, talk shows e etc rendem muito mais faturamento. Poderiam as séries japonesas conquistarem espaço na programação? Sim. Se continuariam a dar audiência, é uma outra história. Talvez nunca saberemos. Depois de todo o imbróglio em torno do Homem Mutante, só mesmo um deus ex-machina para salvar o tokusatsu na TV brasileira.

Dito isso, a turma do contra se especializou em criar falsas narrativas, todas fora do contexto e da realidade. Não conseguem fazer outra coisa a não ser torcer o nariz em qualquer dificuldade, criar fake news contra produtores de conteúdo “concorrentes”, além de agora promoverem uma campanha anti-ética contra a distribuidora.

Só não venham me dizer depois que estão separando a grana pra comprar o mangá do Jaspion ou que o projeto não irá sair do papel, ok?