Séries tokusatsu foram carros-chefe da programação dominical da Band

Jiraiya finalmente teve uma reprise completa na TV brasileira | Divulgação

Você pode chamá-los ou não de tapa-buraco da Band, mas uma coisa é inegável: Jaspion, Changeman, Jiraiya e até Kamen Rider Black provaram que ainda são populares em pleno 2020. Independentemente de quem levantou hashtags nas redes sociais ou quem torcia o nariz para esse tipo de “velharia“, os clássicos oitentistas, que fizeram muito sucesso na saudosa Rede Manchete, ganharam atenção do público nos últimos seis meses e conseguiram atrair boa parte da garotada.

Foi um período muito intenso e divertido para quem acompanhou a transmissão religiosamente nos últimos 26 domingos. Logo no início da quarentena, a emissora do Morumbi e a Sato Company fecharam acordo para a exibição de um episódio de Changeman (às 10h30), um de Jiraiya (às 10h55) e dois de Jaspion (das 11h15 às 12h). Os clássicos estrearam em 22 de março e atingiram o pico de 2,6 pontos, com a volta do Tarzan Galático. Tanto os títulos das séries quanto o nome da Band estiveram nos trending topics do Twitter.

Surpreendida com o sucesso, a Band resolveu dar mais tempo para o Esquadrão Relâmpago e o Incrível Ninja na semana seguinte – cada um com dois episódios. O bloco Mundo Animado ainda começava às 10h30 da manhã e agora terminava um pouco depois das 12h30. Nesta mesma semana, o volume de menções dos heróis “cresceu 25 vezes na internet“, segundo a emissora. Mas ainda havia ajustes a se fazer.

Cortes de eyecatches (vinhetas de intervalo), encerramento e principalmente o falso widescreen foram descartados. Em 3 de maio, a Band finalmente exibiu os clássicos com o formato de tela original (4:3). Cometeu um erro ao diminuir a duração das séries para exibir um pocket show da cantora Cláudia Leitte em 14 de junho (e sem combinar com a distribuidora). Não seria uma mudança provisória e era pra continuar nas semanas seguintes. Porém, a apresentação deu menos de um ponto e um show do cantor Péricles, que seria exibido no domingo seguinte, foi cancelado. Motivo? Advinha: a força de Jaspion e cia. Eles estavam dando uma ótima audiência para a Band e mantendo-a em quarto lugar.

Mas, como todo programa de TV está sujeito, houve queda de audiência. Mais precisamente em 6 de julho, quando a Globo exibiu a volta da Fórmula 1. Changeman e Jiraiya registraram 1 ponto de audiência cada, enquanto Jaspion obteve 1.2 ponto. Ficou difícil até para as séries entrarem no Top 5 dos TTs, pois haviam várias citações dos pilotos. Normal. Afinal, nem mesmo um super-herói é páreo para eventos esportivos, não é mesmo?

Para quem pensava que Jaspion e cia não tinham chances de continuar, a Band sinalizou interesse ainda em julho, mesmo com a volta do futebol. A expectativa era para volta do Brasileirão Sub-20 acontecer em setembro. Em 9 de agosto, a Band passou a exibir episódios de Jiraiya que não tiveram direito a reprises em 1999, quando atravessou a extinção da Manchete e a fase experimental da RedeTV!.

A esperança foi renovada no domingo seguinte, 16 de agosto, quando Jaspion atingiu 2,5 pontos em sua penúltima semana regular. No mesmo dia, a Sato Company anunciou a estreia de Kamen Rider Black na Band para o dia 30 daquele mês, substituindo Jaspion, que chegou ao fim no dia 23.

Apesar da esperada nova versão do tema de abertura de Black, na voz de Ricardo Cruz, não ter sido veiculada, de hashtags trocadas e até o primeiro Kamen Rider aparecendo em miniatura de anúncio de próxima atração, a estreia do Homem Mutante registrou 1,9 pontos.

Mas, infelizmente, a série teve que ser suspensa, devido a um entrave com a lei dos direitos conexos de dublagem. Provavelmente, esse fator foi determinante para que os clássicos não fossem escalados para a nova programação da Band, que começa neste fim de semana. Os domingos serão ocupados pelo Show do Esporte, resgatando a essência que identificava a emissora como “o canal do esporte“. E é preciso que se diga que anunciantes também são cruciais para a manutenção de um programa na TV. Temos que considerar também que a pandemia também afetou os efeitos da economia.

Como eu disse na minha coluna no site JBox, Kamen Rider Black (cuja própria Band estava dando a entender que exibiria o final em suas chamadas) não deveria ter estreado agora e sim quando tudo estivesse acertado, pronto para ir ao ar. Tais erros deixaram a permanência de Jaspion e cia insustentáveis na programação da Band. Os campeonatos de futebol já estão aí e a emissora está imbuída para conquistar os 3 pontos (sem trocadilho).

Apesar dos pesares, as séries tokusatsu estiveram de passagem e cumpriram a missão de alegrar o público, seja saudosista ou até mesmo uma nova geração de apreciadores. Não tivemos final de Changeman, mas ao menos a Band conseguiu passar Jiraiya completo. Foi bom enquanto durou.

Jaspion e cia foram mais que um tapa-buraco de programação. Concretizaram popularidade para o grande público e devem ser lembrados como aqueles que foram carros-chefe da grade dominical da Band.

Muito obrigado, lendários heróis!


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