“Pai dos animes” retorna da realidade que não existe

Na live desta segunda (12) do canal Resistência Tokusatsu, Eduardo Miranda, o “pai dos animes”, ressuscitou como uma fênix, junto com lendas urbanas já desmistificadas aqui e aqui neste blog – com base em registros da própria década de 1990. Ele retornou mais forte, lançando informações equivocadas e que não batem com a realidade.

Mais uma vez, afirmou que Pokémon estava sendo negociado para a Manchete em 1997, ano em que o animê estreou no Japão e que houve o incidente com o episódio 38, que mandou cerca de 700 crianças para o hospital. Estranho, pois Pokémon estava no ar na terra do sol nascente há apenas 8 meses e só ficou conhecido mundialmente pelo ocorrido de 16 de dezembro daquele ano. Só em 8 de setembro de 1998 é que Ash, Pikachu e cia ganharam espaço nos EUA e logo depois para o mundo, graças a versão da 4Kids. E é preciso que se diga que a Manchete estava começando a sentir os efeitos da sua crise final exatamente neste mês. O animê estreou no Brasil em 10 de maio de 1999 pela Record, ironicamente (ou não) no mesmo dia em que a Manchete foi extinta.

Miranda voltou a dizer que escolhia as séries que iam para a Manchete, sendo que esse é o papel de licenciador, que em seguida tenta uma negociação com uma determinada emissora de TV. É só pesquisar sobre o assunto ou mesmo entrevistas com Toshihiko Egashira e Nelson Sato para a ver como a coisa não é tão simplista assim. O ex-chefe da Divisão de Cinema da emissora carioca ainda voltou a afirmar que o problema da não exibição do final de Kamen Rider Black era a (inexistente) curta-duração.

Mais uma vez: o episódio 51 tem 24 minutos e meio. E não 10 ou 15 como o próprio já disse anteriormente em outras participações. Dito isso, a Manchete não teria problemas em passar o final por causa de um preview do especial com os 10 Kamen Riders que precederam Black. Pois o tema de encerramento nunca ia ao ar e os previews eram colocados logo em seguida. Tampouco o preview de Kamen Rider Black RX seria empecilho, pois estava nos últimos 15 segundos desse e dos últimos episódios exibidos na Manchete. Isso não explica e muito menos justifica. Certamente a Band teria um grande problema de grade se o final fosse exibido num futuro próximo, não é mesmo?

Lógico que Miranda teve um papel importante na decisão de colocar algumas séries japonesas na Manchete, como Os Cavaleiros do Zodíaco. Mas essas afirmações citadas, além de outras, não deixam de ser contraditórias e jamais devem deixar de ser questionadas. Pois para ele, quem pesquisa e aponta dados “quer inventar uma realidade que não existe“, como disse no final da live.

Felizmente, a internet existe para mantermos a memória viva.


5 comentários sobre ““Pai dos animes” retorna da realidade que não existe

  1. Esse Resistência Tokusatsu é um desserviço. Marmanjos infantilizados que mal conseguem se expressar em um português minimamente aceitável. Mas como jogam confetes e dão tapinha nas costas de todo mundo (vide bloquear quem cobrava um posicionamento deles sobre a pirataria da Sato) foram subindo degraus. São a prova de que puxar saco leva longe, mesmo que o conteúdo praticamente inexista.

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    1. Me desculpe, mas os meninos da Resistência não são nada disso que você disse. Ou seja, você criou um espantalho pra bater. Eu conheço o Bone há longa data e ele foi um dos que apontaram erros da Sato. É só pegar os vídeos de março em diante pra ver. E se ele fosse “passa-pano”, eu não participaria de um debate no canal sobre Kamen Rider Zi-O e não teria a mesma liberdade de analisar onde a série acertou menos e errou mais.

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