Changeman e Flashman serão lembrados como clássicos lendários no Brasil

Os direitos de Changeman e Flashman expiram no Brasil nesta quarta (23) | Foto: Montagem/JBox

O inevitável estava mais próximo do que imaginávamos. Quando Nelson Sato, em entrevista para o canal Resistência Tokusatsu em junho de 2020, falou que os direitos de Changeman e Flashman no Brasil estariam em breve nas mãos da Hasbro, os fãs torceram para que as duas séries Super Sentai tivessem mais tempo por aqui. A renovação de ambos os clássicos é praticamente impossível, pois os valores são bem mais altos e rolaria uma baita burocracia.

Por mais que essa diretriz dos direitos das séries Super Sentai pela Hasbro sejam mais rígidas que nos primeiros anos de Power Rangers, uma verdade tem que ser dita: Business are business. Contratos expiram. Isso é fato e não adianta tentar demonizar a franquia americana, uma vez que ela ainda ajuda a expandir, de alguma forma, o gênero tokusatsu para o mundo. Só não enxerga quem está preso na bolha do saudosismo-fanático.

É impossível falar dessas séries e não associá-las à saudosa Rede Manchete. A emissora carioca exibia Changeman e Flashman a partir de 1988 e 1989, respectivamente, e reprisava exaustivamente as aventuras desses heróis multicoloridos. O sucesso ainda rendeu as exibições de Goggle Five na Bandeirantes (atual Band), em 1990 e Maskman na Manchete, em 1991. Ambas não repetiram o mesmo sucesso do Esquadrão Relâmpago e o Comando Estelar.

Infelizmente só tivemos essas quatro séries Super Sentai no Brasil. O sr. Toshihiko Egashira, detentor das extintas distribuidoras Everest Video e Tikara Filmes (que eram a mesma empresa), alegou em entrevistas que a franquia estava saturada. Os Power Rangers chegaram e as licenças das adaptações americanas são mais baratas.

Para Changeman e Flashman, só restou uma sobrevida com reprises na Record e na CNT/Gazeta em meados dos anos 90. Até aí, nenhuma “proibição” dessas séries, como diziam as lendas urbanas do Orkut, aquela rede social que não deixou muitas saudades. Em 2009, A Focus Filmes lançou Changeman em DVD e, em 2010, foi a vez de Flashman.

Quando a SHOUT! Factory, nos anos 2010, resolveu lançar algumas das séries originais, nenhuma distribuidora brasileira comprou essa ideia. Ficamos só com as reprises de Changeman e Flashman, pela distribuição da Sato Company. Em 2018, a Hasbro adquiriu os direitos de Power Rangers, além de toda a franquia Super Sentai (incluindo até mesmo séries jamais adaptadas).

As séries exibidas no Brasil entraram no jogo, mas os direitos ainda estão com a Sato até esta quarta (23), quando o contrato chega ao fim e os direitos serão automaticamente transferidos para a dona de Power Rangers. E infelizmente não tivemos a exibição dos últimos cinco episódios de Changeman na Band, em 2020, e nem ao menos uma reprise de Flashman na emissora do Morumbi.

Changeman e Flashman cumpriram seus papeis no Brasil e estarão sempre na memória afetiva de quem viveu aqueles tempos dourados que não voltam mais. Só sabe da importância dos clássicos para a história do tokusatsu no Brasil quem já foi criança e adolescente nos anos 80 e 90. A despedida dos super esquadrões de maior sucesso no Brasil, por mais que tenham tido seus altos e baixos recentemente, coloca-os como cults lendários do tokusatsu no Brasil.

Por um lado, vão deixar saudades. Por outro, será uma oportunidade do espectador correr atrás de outra série tokusatsu, seja antiga ou recente.


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