Blog Daileon – Comentários, notícias e opinião sobre tokusatsu e o melhor da cultura pop japonesa

É comum uma pessoa achar que sua geração é melhor que a outra, e isso é saudável até certo ponto. É claro que ninguém é obrigado a curtir tudo que faz sucesso hoje e o que fez no passado. É como diz o velho ditado: gosto não se discute. Eu, por exemplo, gosto de filmes, séries e músicas da minha época e até mesmo da época dos meus pais, como também curto coisas do tipo nos últimos vinte e poucos anos. E é óbvio que coisas irrelevantes existiram em qualquer tempo.

Mas julgar uma produção que ainda nem estreou pode ser um tiro no escuro, ainda mais se tratando de um reboot de um clássico do tokusatsu. E se é uma releitura de uma série exibida pela extinta Manchete, então, os mais saudosistas já consideram como algo “intocável”.

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Pois bem. Kamen Rider Black Sun estreia no primeiro semestre de 2022 e, de longe, deixou a grande maioria dos fãs de Kamen Rider Black com uma expectativa muito alta. Se você acompanha as notícias sobre a nova produção desde o anúncio em abril passado, sabe que o teor será voltado para o público formado por jovens e adultos. Ou seja, tem tudo pra seguir a mesma fórmula de Kamen Rider Amazons (2016~17), o reboot de Kamen Rider Amazon (1974~75), que usou e abusou de sangue e violência. Inclusive, a série está disponível no Brasil pelo Prime Video.

Black Sun vai utilizar conceitos e elementos do mangá de Shotaro Ishinomori (que será lançado ainda este ano no Brasil, pela Editora NewPOP) que não foram aproveitados na série de TV. E quem espera que o reboot seja como a série de 1987, vai se decepcionar. Aquele modelo de episódios das séries tokusatsu dos anos 80 não existe mais. As coisas mudam com o tempo, para melhor ou para pior.

A série televisiva de Black era sombria sim, mas não conseguiu ter a intensidade do mangá de Ishinomori (a verdadeira origem do herói). Teve mudanças na equipe de produção que mudaram os rumos, fugindo do final idealizado pelo rei do mangá e acarretando na saída prematura do saudoso roteirista Shozo Uehara (o mesmo de O Regresso de Ultraman e Jaspion).

Vale um palpite deste blogueiro: Kamen Rider Black Sun tem tudo pra ser melhor que a própria série clássica. Não é demérito ao grande sucesso da Manchete, entenda. É que essa é a tendência. Certamente o reboot servirá como referência tanto para quem (re)ver a série de 1987 quanto para quem (re)ler o mangá. A frustração virá de quem ainda assiste Black só e somente pela memória afetiva, deixando de lado referências que fazem a diferença. Queimar a língua é por conta e risco.

E pensando bem, ver isso acontecer pode significar um bom sinal. Pois aquele argumento velho como “o Black é o melhor Kamen Rider” será enterrado de vez. Ou melhor, arrisco em dizer que já foi enterrado durante a exibição de Kamen Rider Build (2017~18) – indiscutivelmente considerada a melhor série Kamen Rider de todos os tempos, até aqui (assino embaixo). Dizer que “a minha época é melhor” não sustenta a tese.

Ainda é cedo para fazermos qualquer análise, uma vez que ainda não temos elenco e visuais do herói e dos monstros revelados oficialmente. Ver nomes como Shinji Higuchi e Kiyotaka Taguchi na equipe de produção é animador e eles poderão fortalecer a proposta da releitura.

Sim, Black Sun poderá ser A série do ano que vem. Até mesmo estes fãs de Black vão se interessar de alguma forma, cedo ou tarde.