
Eu tenho observado os rumores por parte dos saudosistas sobre a hipótese de uma volta da saudosa Rede Manchete, já que o leilão do acervo da emissora foi realizado recentemente, em outubro. Alguns sites de notícias apontam a possibilidade do empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan, ter adquirido os materiais. Nada confirmado, pois a identidade do comprador sequer foi revelada.
Sabe-se que o vencedor também adquiriu para si o direito de uso da marca TV Manchete pelo valor de R$500,5 mil. Isso pode ser um indício de que uma nova emissora, com o nome da original criada por Adolpho Bloch, poderia ser lançada daqui a alguns anos. Temos que considerar que a digitalização do material é um custo pesado de tempo e dinheiro, caso o comprador tenha realmente interesse em seguir adiante com essa empreitada.
Considerando tal hipótese, temos que manter os pés no chão, pois não sabemos como ficariam as questões dos direitos autorais – que não foram adquiridos pelo comprador, até o momento. Por exemplo, a novela Pantanal, que foi a grande audiência da história da Manchete, vai ganhar um remake produzido pela Globo a partir de 14 de março de 2022. O autor Benedito Ruy Barbosa ainda briga na justiça pelos direitos da reprise da versão original realizada pelo SBT, em 2008.
Uma verdade precisa ser dita diante dessa e de outras realidades: mesmo que a Manchete volte sob nova direção, ela não será como antes. As produções originais da emissora até poderiam ser reprisadas, quem sabe. Mas parte da essência certamente ficaria de fora, como é o caso do inconfundível (e inimitável) locutor-padrão Eloy Decarlo, que foi “a voz” da emissora ao longo dos seus 16 anos de transmissão.
E não adianta imaginar uma volta triunfal das séries japonesas numa versão ressurreta da Manchete. Contratos de vários títulos de animê e tokusatsu foram expirados há vários anos. Seria uma missão impossível resgatar, por exemplo, as dublagens originais de animês como Os Cavaleiros do Zodíaco, Shurato, Sailor Moon e Yu Yu Hakusho, que estão legalmente defasadas. Jaspion, Jiraiya, Jiban e Kamen Rider Black são séries tokusatsu que, atualmente, possuem direitos no Brasil, pela Sato Company. Mas as suas respectivas dublagens estão suspensas pela questão dos direitos conexos.
A volta de programas originais da emissora seria uma ideia muito bem-vinda, mas não é tarefa fácil erguer essa vitrine dos anos 80 e 90, pelas razões citadas acima. Tal retorno seria parcial e carregado de simbolismo, que remeteria ao saudosismo – o que seria muito bom. Mas reunir todos os enlatados da época, principalmente os japoneses, é apenas uma utopia. Enfim, tudo pode acontecer depois desse leilão. Ou melhor, quase ou nem tudo.
Ainda estranho existirem tantos empresários interessados em investir em tv quando ela só parece perder audiência hoje em dia, mas se a galera que tem dinheiro acha isso viável, quem sou eu pra questionar né?
Inicialmente achei que só teriam interesse nos direitos de transmissão das novelas, mas foi curioso saber que também adquiriram os direitos de usar o nome da emissora. Mesmo que a programação não vá ser a mesma de antes, afinal isso não faria o menor sentido, eu ainda acredito que separar um horário para os programas que marcaram a história da emissora seria uma boa maneira de atrair público para essa possível versão repaginada da dela. Talvez uma sessão nostalgia com 2 ou 3 séries de tokusatsu seguidas e um programa estilo vale a pena ver de novo com alguma novela. Anime já é um negócio mais bem integrado aos streamings, então nem vejo tanta necessidade, mas como é duro assistir tokusatsu de maneira oficial no Brasil, qualquer alternativa me parece uma boa.
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