
Em algum momento, você pode ter se perguntado: Godzilla é inimigo ou aliado? Ele é uma consequência radioativa ou uma força da natureza? É mais ou menos essa a impressão que deixa o quadrinho Godzilla – A Guerra de Meio Século, publicado recentemente pela Editora Conrad. O Rei dos Monstros é contado como uma criatura que devasta tudo por onde passa, até criar um inimigo que jura vingança e atravessa gerações.
Godzilla – A Guerra de Meio Século (Godzilla: The Half-Century War) foi publicado originalmente nos EUA entre agosto e dezembro de 2012 pela IDW Publishing, como uma minissérie de cinco volumes. Aliás, esta foi a terceira minissérie publicada pela IDW (até o momento, foram oito títulos de Godzilla para os quadrinhos).

Fã de longa data de Godzilla, o roteirista e ilustrador James Stokoe deu um novo início para a saga do Rei dos Monstros, que apareceu pela primeira vez em 1954 no Japão. A trama é contada pelo ponto de vista do tenente Ota Murakami, da F.A.M. (Força AntiMegalossauro), que enfrentou o gigante praticamente sozinho no início.
Ao ver Tóquio devastada, Murakami jura uma vingança contra Godzilla que dura cerca de 50 anos, passando por vários pontos do mundo, em épocas distintas. Seu desejo por salvar vidas acaba se tornando algo pessoal, uma obsessão sem limites que desperta outros kaiju da mitologia como Anguirus, Rodan, Mothra, Space Godzilla entre outras surpresas que surgem ao longo dessa jornada perigosa que parece não ter fim.
A Guerra de Meio Século homenageia os principais momentos das eras clássicas de Godzilla. Stokoe se mostrou um inveterado fã da franquia e prova disso está nos mínimos detalhes. Pode-se dizer que ele deu uma verdadeira aula nos comentários extras, que estão nas últimas páginas da HQ. Para se ter uma ideia: curiosamente, o vilão Dr. Deverich nada mais é que uma referência aos cineastas Dean Devlin e Roland Emmerich, que comandaram o famigerado Godzilla americano, de 1998.
Stokoe costuma terminar suas histórias com um gancho para uma continuação. Ele até admite que não pretende revisitar a obra, por amarrar as pontas da história. Sua liberdade criativa vai além do que um orçamento para uma produção de tokusatsu poderia permitir, recriando cenários de cada época visitada, incluindo até mesmo o final da Guerra do Vietnã.
Godzilla – A Guerra de Meio Século é nostálgico de uma certa forma e é um material imperdível para antigos e novos fãs do Rei dos Monstros. O leitor pode se divertir sem a obrigação de acompanhar os filmes na ordem cronológica. Basta pegar pra ler em um fim de semana à tarde, que com certeza despertará a vontade de ver (ou rever) um ou outro filme da franquia. É entretenimento puro.