
Pegando todos de surpresa no último fim de semana, saiu a notícia da volta de Chaves e Chapolin à TV. Pelo menos nos EUA, a partir do próximo dia 21 via canal UniMás, transmitido no idioma espanhol e voltado para o público latino americano que mora no país. As séries mexicanas estavam suspensas desde 1º de agosto de 2020, devido a “um problema pendente a ser resolvido com o titular dos direitos das histórias”. Há possibilidades desse retorno acontecer aqui também no Brasil pelo SBT e também na TV paga.
A emissora do já saudoso Silvio Santos não perdeu tempo e já está negociando para reprisar as duas séries. Chaves já tem previsão de reestreia para outubro, segundo o portal NaTelinha. O SBT tem um contrato de cessão de conteúdo com a Televisa que vai até 2028. Segundo informações da coluna F5, de Gabriel Vaquer, na Folha de S. Paulo, a Globo consultou a Televisa e tem interesse para exibição na TV paga e na plataforma de streaming Globoplay. Tanto o SBT quanto a Globo possuem boa relação com a Televisa.
A notícia, por si mesma, prova a relevância de Chaves e Chapolin, que estrearam no Brasil há 40 anos. Alguns veículos já estão torcendo o nariz, achando que os clássicos do lendário Roberto Bolaños só vão “atender pequenos grupos de saudosistas” e que é “algo que em nada irá atrair a atenção do público em geral”.
Chaves é uma série que conquistou três gerações e é uma marca que, até sua suspensão no mundo todo, tinha produtos licenciados no Brasil. Recentemente, em julho deste ano, a Ypê, marca de produtos de limpeza, homenageou Chaves em uma campanha publicitária. É verdade que Chaves e Chapolin ainda causam estranheza para uma parcela de brasileiros que nunca se identificaram com o bom humor pastelão e inocente de Bolaños. E ambas as séries não são apenas séries para crianças.

Muitos adultos, que cresceram assistindo às séries mexicanas, continuaram assistindo depois de adultos e ainda sentem falta dos personagens na TV brasileira — como é o caso deste colunista. As nossas telinhas, especialmente o SBT, já não eram as mesmas sem Chaves, Kiko, Chiquinha, Dona Florinda, Seu Madruga, Professor Girafalles, Seu Barriga, a Bruxa do 71, entre tantos outros personagens do universo de Chesperito.
Além do carisma deles, as inúmeras reprises de Chapolin e principalmente de Chaves foram sustentadas pela falta de cronologia dos episódios lançados originalmente no México. Ou seja, havia sempre um fato surpresa: qual episódio iria ao ar. Não importava qual fosse, os fãs paravam para assistir, não importando a faixa etária. Se Chaves e Chapolin são tão ruins assim, então por que estiveram no ar durante 36 anos na TV brasileira, não é mesmo?
É provável que os fãs de 8 a 80 anos farão a festa quando os clássicos estiverem de volta, provando o quão eles ainda são indispensáveis para a história da TV brasileira. Já está mais do que na hora de cativar novamente as antigas gerações e também a atual geração. Acredite: Chaves e Chapolin podem ser produções antigas, com mais de 50 anos de trajetória, mas são atemporais. Torço para que esse dia não demore tanto.