
O episódio deste domingo (28) de No.1 Sentai Gozyuger será lembrado e discutido pelos próximos anos — ou nas próximas décadas. Foi uma homenagem à era Showa, que esteve em vigência entre 1926 e 1989, durante o reinado do imperador Hirohito. Uma verdadeira volta no tempo, que serviu como crítica sobre alguns costumes dos dias atuais — na era Reiwa (de 2019 até hoje).
O episódio girou em torno de Kinjiro/Gozyu Eagle e Sumino/Gozyu Unicorn, que enfrentaram o monstro Showa No.1, que transformou o presente no passado, ambientado nos anos 1970. Uma referência indireta a Gorenger, a primeira série Super Sentai, que estreou em 1975.

Daí pudemos ver duas visões distintas sobre a era Showa. Kinjiro, que é um senhor de idade rejuvenescido, celebrou a volta do passado, até certo ponto. Já Sumino achou aquela época – sem celular, internet e inteligência artificial – bem “inconveniente” e com ideias “ultrapassadas”. Mas a jovem teve que aprender a apreciar a beleza da época, como o pôr do sol em um local sem prédios. Algo bastante característico nas séries tokusatsu setentistas.
Falando nisso, descobrimos que Showa No.1, um típico vilão de Bridan, é fã de Kaiketsu Zubat (1977), clássico de Shotaro Ishinomori que foi estrelado pelo grande Hiroshi Miyauchi. Uma grata surpresa!

Por outro lado, o episódio 10 de Gozyuger faz algumas críticas pontuais. A primeira foi sobre os costumes do passado e do presente. A qualidade de vida era bem melhor e, por não existir celular à época, a interação entre as pessoas era maior. Outra crítica era o próprio saudosismo de Showa No.1, que havia esquecido de que a antiga era imperial tinha uma visão de futuro, onde as pessoas olhavam para a frente com a esperança no amanhã. Por estar preso ao passado, Showa No.1 esqueceu esse espírito da época.
Moral da história: viva o presente com as lembranças do passado que não volta mais. “Velhos tempos/Belos dias”, como diria aquela canção do Roberto. A intenção da roteirista Akiko Inoue era transmitir a mensagem para o público japonês, mas com certeza cabe muito bem ao contexto do fandom brasileiro de tokusatsu, no qual alguns fãs valorizam a época da saudosa TV Manchete, mas têm um certo preconceito contra as produções de tokusatsu que vieram depois da extinção da emissora carioca.
Sem dúvida, esse episódio de Gozyuger merece ser usado como referência para tal discussão. Sim, a era Showa era melhor, mas a era Reiwa também tem seu valor. A reflexão que fica é que devemos olhar para o futuro mirando no passado, avaliando o que deu certo ou errado para acertar lá na frente.

E não dá pra fechar este post sem falar sobre a volta de Meguro Osai, o antigo Guerreiro do Universo que teve os poderes de Tyranno Ranger (de Zyuranger), e foi derrotado por Garyudo semanas atrás. Ele reapareceu sob domínio dos Bridan e se tornou um berserker, aquele que não consegue distinguir amigos de inimigos. Ele estava controlando o Black Daizyuzin (a nova versão sombria de Daizyuzin — ou do primeiro Megazord em Power Rangers).
Ambos foram derrotados pelas cinco versões multicoloridas de Tega Sword, que se uniram pela primeira vez. Tudo resolvido para o pesquisador, mas essa resolução poderia ter demorado mais, servir como um gancho para o episódio seguinte. Isso foi resolvido rápido demais e não deu para sentir o drama. Fazer o que, né?