
O futuro visto em Power Rangers S.P.D. (2005) já virou praticamente passado. Enquanto a ficção apresentava a convivência entre humanos e extraterrestres, a nossa realidade mostrou uma virada de chave significativa para os rumos do tokusatsu, tanto no Japão quanto aqui no Brasil. Surpresas boas e más marcaram este agitado ano de 2025.
A salvação do catálogo
A grande mudança para o fandom brasileiro de tokusatsu veio por meio da distribuidora Sato Company. Com a chegada de Victor Sato, filho do CEO Nelson Sato, uma nova fase com as séries japonesas começou em 1º de junho, quando o Clube de Membros TokuSato foi inaugurado. De lá pra cá, o projeto finalmente disponibilizou séries tokusatsu que até hoje não entraram no catálogo do Prime Video.
Falando na plataforma de streaming da Amazon, a dublagem de Kamen Rider Build (2017), prometida desde maio de 2024, não foi lançada por lá. A estratégia do Clube de Membros TokuSato sanou esse problema durante os primeiros seis meses do projeto (com dois episódios de Build por semana).

Algumas séries Kamen Rider e Metal Hero estão completas e outras ainda estão em lançamentos semanais. Ou seja, um espaço dedicado ao tokusatsu está formado no YouTube, pelo menos para os membros pagantes — que ajudam a manter o mercado do gênero ativo. Victor Sato, com quem tive a honra de participar em duas lives no canal TokuSato, tem uma visão ainda mais estratégica.
Ele não é necessariamente um fã inveterado de tokusatsu, mas está acompanhando e aprendendo sobre o gênero ao conversar com vários produtores de conteúdo do Brasil e da América Latina em sua live semanal. Aliás, era esse tipo de comunicação com o público que faltava e a Sato Company está conquistando.
Os erros que a distribuidora cometeu no passado foram compensados em pouco tempo. E muito a ser feito para se destacar ainda mais em 2026.
Kamen Rider inédito no Brasil

Outra grata surpresa foi a estreia mundial de Kamen Rider Zeztz. Inicialmente, o Brasil não estava previsto na lista de exibição em outros países fora do Japão. Mas a Sato Company não perdeu tempo e garantiu o lançamento semanal dos episódios para as noites de sábado. E o que é melhor: com dublagem realizada pelo estúdio Clone.
O veterano Marcelo Campos, dublando o herói-título, também foi outra surpresa. Até pouco tempo, era inimaginável ver um dublador da geração Manchete emprestando a voz para um personagem mais jovem. Marcelo continua praticamente com o mesmo timbre que marcou séries japonesas nos anos 1990 e 2000, e foi um grande acerto colocá-lo para interpretar Baku Yorozu, o alter-ego de Zeztz.
Tojima Wants to Be a Kamen Rider, atualmente em exibição pela plataforma de streaming Crunchyroll, também virou destaque pela temática voltada para o tokusatsu, especificamente para a franquia Kamen Rider (como está claro pelo título). Baseado no mangá de Yokusaru Shibata, o animê mistura o sonho (ou obsessão) de ser um super-herói em ficção, com a coexistência da Shocker fora da TV.
Tojima também é exibido na Crunchyroll em versão dublada realizada pelo estúdio DuBrasil, com episódios semanais nos finais de semana. Destaques para vozes clássicas como Leonardo Camilo e Carlos Campanile, como os Riders V3 e Stronger, respectivamente.
Aniversário antecipado

A Tsuburaya já antecipou o aniversário de 60 anos de Ultraman, que serão completos em julho de 2026. Episódios selecionados de diferentes eras da franquia estão sendo lançados no YouTube, com disponibilidade de duas semanas cada. Um bom aquecimento para a celebração.
A série do momento é Ultraman Omega, que está na reta final — e será substituída pela quarta temporada de Ultraman New Generation Stars a partir de 24 de janeiro. A trama quebrou padrões ao mostrar um herói com o rosto vermelho desde o espalhafatoso Ultraman Zearth (herói que teve dois filmes em 1996 e 1997), além de apresentá-lo com amnésia e enfrentando monstros gigantes inéditos.
Omega cai numa Terra em que sequer tinha ouvido falar sobre os kaiju até o primeiro ataque. A trama é um pouco mais densa que Ultraman Arc, a série anterior. O ritmo é um pouco mais lento, mas não deixa a desejar. Uma pena que a série de TV não terá um filme para cinema, pelo menos por enquanto.
Meio século de história

Grande foi a repercussão sobre o fim de Super Sentai. No.1 Sentai Gozyuger, a atual série da franquia, será a última, pelo menos até o momento. Segundo Shinichiro Shirakura, diretor de planejamento e produção da Toei, a franquia Super Sentai entrará em hiato por pelo menos 10 anos. Querendo ou não, foram os Power Rangers que ajudaram a sustentar a versão original até aqui.
Com o fim do ciclo de Power Rangers em 2023, como conhecemos, as vendas de brinquedos de Super Sentai diminuíram. A queda da taxa de natalidade no Japão também é uma consequência. Enfim, Super Sentai é uma marca importante para a história do tokusatsu, mas que vem sofrendo desgastes nos últimos tempos.
Gozyuger é um reflexo disso. A série, que celebra os 50 anos de Super Sentai, ficou marcada pela controversa demissão da atriz Maya Imamori, que interpretava a Gozyu Unicorn — a primeira heroína com traje preto da franquia. Em termos de roteiro, Gozyuger tenta não ser uma série chata. Tem personagens carismáticos, mas algumas saídas criadas pela roteirista Akiko Inoue — filha do renomado Toshiki Inoue — não são convincentes.
O recente episódio da série, ambientado nesta época de Natal, mostrou soluções fáceis demais. A redenção do vilão Kuon, por exemplo, foi se tornar uma adaga falante (como o Byakkoshinken em Dairanger). A impressão é que os episódios finais (incluindo a estreia do Origa Red no próximo episódio) serão só pra encher linguiça.
Por outro lado, fica a expectativa para a estreia de Super Space Sheriff Gavan Infinity, a primeira série da franquia Project R.E.D., que estreia em 15 de fevereiro na TV Asahi. Mas esse assunto fica para outro post, sobre as expectativas para o ano que vem.
No rádio e no YouTube

Em março, o Blog Daileon fechou parceria com a web rádio Tokyo Groove FM, especializada no city pop, importante (e envolvente) gênero musical dos anos 70 e 80 que está sendo redescoberto pela geração atual. A qualquer momento, durante a programação que toca os grandes clássicos do city pop, você pode ouvir o quadro Minuto Blog Daileon, apresentado por este colunista que vos escreve.
Ou seja, é um espaço para você ouvir as curiosidades sobre tokusatsu, cultura pop japonesa e nostalgia e curtir/conhecer boas músicas de um tempo que não vivemos.
Em abril, o Blog Daileon lançou seu canal no YouTube, inicialmente com vídeos semanais. Atualmente em hiato, o canal do Blog Daileon retornará em breve com uma entrevista especial (dividida em duas partes) e um novo formato semanal.
Estarei de volta em janeiro, com análises e comentários sobre tokusatsu, animês e mangás. Feliz ano novo e nos vemos no futuro! 😎