Uma das vozes marcantes das séries japonesas no Brasil é uma das atrações nos principais eventos de cultura pop neste ano. Prestes a completar 70 anos de idade, Akira Kushida é famoso por interpretar temas de clássicos famosos do gênero tokusatsu -principalmente em algumas séries da franquia Metal Hero – e mais recentemente cantando o tema do Instinto Superior, do animê Dragon Ball Super.
Nascido em 17 de outubro de 1948 em Yokohama, província de Kanagawa, Akira Kushida é conhecido pelos fãs pelo carinhoso apelido “Kussy” (lê-se: Kushi). Antes de enveredar no caminho das músicas de anime e tokusatsu, ele foi integrante da banda NHK Stage 101, durante sua adolescência. Mais tarde se dedicou ao estilo Rhythm & Blues, que curte e toca até hoje.
Foi por volta do final de 1980 que Kushida recebeu o convite da Nippon Columbia para cantar os temas de abertura, encerramento e inserções do tokusatsu Taiyou Sentai Sun Vulcan (Esquadrão Solar Sun Vulcan). Exibido originalmente pela TV Asahi entre fevereiro de 1981 e janeiro de 1982. De acordo com os produtores da Toei Company, a voz de Kushida se encaixava perfeitamente ao estilo musical que o estúdio procurava para a série de TV.
A partir daí o cara não parou mais. Em 1982 interpretou os temas musicais de Uchuu Keiji Gavan (Policial do Espaço Gavan ou “Space Cop” no Brasil), o primeiro Metal Hero da história. A música de abertura é um hino marcante e não pode faltar em seus shows. Como o programa fez sucesso e foi a salvação financeira da Toei, a empresa logo tratou de produzir a sua continuação: Uchuu Keiji Sharivan (Policial do Espaço Sharivan ou Sharivan – O Guardião do Espaço). E em seguida Uchuu Keiji Shaider (Policial do Espaço Shaider), que encerrou a trilogia.
Enquanto isso, Kushida cantou também os primeiros temas do anime Kinnikuman, de 1983, tendo o tema “Kinnikuman Go Figth!” como um dos clássicos de sua carreira. Assim ele deixava sua marca naquela geração de jovens japoneses dos anos 80.
Kushida foi convidado a cantar as músicas “Dragon Road” e “FORGET MEMORIE’S”. Respectivamente temas de abertura e encerramento de 10-gô Tanjô! Kamen Rider Zen’in Shūgō!! (algo como “O Nascimento do número 10! Todos os Kamen Riders Juntos!!”). Especial de TV exibido em 3 de janeiro de 1984 pela emissora japonesa TBS que introduziu o herói Kamen Rider ZX (leia: Zêcross) na mitologia formatada para as telinhas em parceria entre o mangaká Shotaro Ishinomori e o produtor Toru Hirayama.
Após o final do ciclo dos Policiais do Espaço, Kushida cantou temas de inserção da série Kyojuu Tokusou Juspion (O Fantástico Jaspion), sendo o tema do robô gigante Daileon (o homenageado deste blog) como uma das principais e uma das mais cantadas pelos fãs brasileiros das séries japonesas. Kushida confessou em um dos shows que uma das favoritas de Jaspion (e também deste blogueiro) é a música “Ginga no Tarzan”.
Kushida voltaria a cantar os temas dos Metal Heroes nas séries Sekai Ninja Sen Jiraiya (Jiraiya, o Incrível Ninja) e Kidou Keiji Jiban (Jiban, o Policial de Aço), respectivamente dos anos de 1988 e 1989. As músicas destas duas séries até hoje são cantadas com bastante fervor sempre que ele vem ao Brasil. Bem, a abertura de Jiban pode ser equivalente ao clássico “Emoções” de Roberto Carlos. Isso porque Kushida abre os seus shows religiosamente com o tema do Policial de Aço.
Na década de 2000 em diante, Akira Kushida passou a cantar em inserções de várias séries Super Sentai. Além de gravar temas de Lion Maru G (2006), do animê Toriko (2011) e a série francesa Shin Kenjushi France Five (2004). Em 2010 emprestou sua voz para O Scanner, o cinto de transformação de Kamen Rider OOO.
Kushida veio ao Brasil várias vezes e sempre arrastou uma multidão de fãs em eventos como Anime Friends (de São Paulo) e Sana (de Fortaleza). Já confessou em apresentações que é fã de caipirinha. Num desses shows, mais precisamente em julho de 2007, Kushida cantou a música “É Isso Aí”, de Seu Jorge a Ana Carolina. É que ele viu a música na TV, quando esteve em uma das apresentações por aqui, e gostou bastante da pegada que resolveu aprender a cantar. Perde apenas pra Yumi Matsuzawa no quesito de fluência da nossa língua. Eu estive lá neste show e pra mim foi um momento inesquecível.
Hoje em dia Kushida continua cantando R&B em bares e casas de shows do ramo, como trabalho paralelo. Mas aqui acolá o povo pede pra ele dar umas palinhas das músicas dos super-heróis japoneses. Vale citar que ele canta o jingle do Fuji Safari Park em spots comerciais. Curiosamente, sua voz é semelhante ao da cantora Akiko Wada, famosa no Japão pelo gênero musical Enka. Nem mesmo o próprio Kushida tinha percebido tal semelhança entre as vozes.
Em 2012, o cantor reagravou o tema de abertura de Gavan para o filme Uchuu Keiji Gavan: The Movie, sendo a música principal de Geki Jumonji, o novo herói que assume o codinome Gavan Type-G. Interpretou temas da saga Uchuu Keiji NEXT GENERATION, onde o foco foram nos heróis que assumiram os codinomes de Sharivan e de Shaider.
E em 2017, Akira Kushida deixou uma marca no arco do Torneio do Poder de Dragon Ball Super com “Ultimate Battle”, tema de Goku ao atingir o Instinto Superior. A canção poderá ser ouvida ao vivo no próximo mês de julho de 2018. É que o cantor irá se apresentar nos eventos World Pop Festival e Sana. Em São Paulo e em Fortaleza, respectivamente. Uma oportunidade de ouro para antigos e novos fãs da lenda viva que ficou eternizado como “a voz dos Metal Heroes”.
Akira Kushida em Mad Max?
Em abril de 2016, o grande mestre Alexandre Nagado escreveu um texto em seu blog Sushi POP sobre versões japonesas de séries e filmes americanos de grande sucesso. Entre as curiosidades está “Rolin’ into the night”, tema de encerramento japonês de Mad Mad (de 1979), porém cantado em inglês e o intérprete foi nada mais e nada menos que o próprio Akira Kushida. Em início de carreira e com uma voz bem diferente da que conhecemos nos anos 80. Leia mais aqui.
- Ouça Akira Kushida no Spotify.
Texto publicado originalmente em 1 de agosto de 2014. Devidamente revisado e atualizado para a nova versão do blog.
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Akira Kushida é um artista admirável. Eu acompanhei sua primeira vinda ao Brasil, no primeiro Anime Friends, lá em 2003. Entrevistei o cara e pude vê-lo nos bastidores. É um senhor bastante profissional e muito humilde. E ouví-lo cantando ao vivo, nos bastidores, foi uma experiência incrível. Sua potência vocal impressiona, mesmo perante artistas jovens e a forma como ele trata cada canção faz dele um intérprete único com um estilo forte.
Minhas favoritas são a “Ginga no Tarzan”, “Uchuu Keiji Gavan”, “Hoshizora no Message” e “Uchuu Keiji Shariban”. Uma curiosidade: em início de carreira ainda, ele gravou um tema para a exibição no Japão de Mad Max. Tem no final deste post do Sushi POP: http://nagado.blogspot.com.br/2016/04/versao-japonesa.html
Bem legal a homenagem ao grande Kussy! Abraço!
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Que bacana, mestre Nagado! Você foi um dos primeiros a acompanhar de perto a vinda do Kushida ao Brasil. Realmente ele é bem simpático e atencioso com o público. Foi por causa da primeira vinda do Kushida aqui em Fortaleza, em 2007, que passei a frequentar os eventos de cultura pop japonesa e tal me fez voltar a assistir tokusatsu, depois de um tempo afastado. Particularmente eu considero “Ginga no Tarzan” um hino e até hoje me arrepio ao ouvir. Espero que o Kushida não deixe de cantar essa música na próxima edição do Sana. Estarei ao menos na sexta-feira do evento para prestigiá-lo e pretendo escrever como foi o show aqui no blog.
Ah, valeu pela dica do post do Sushi POP. Eu atualizei no final do texto como um bônus de destaque. Como a voz do Kushida está irreconhecível! Esse tema do Mad Max merecia uma projeção fora do Japão e ser tocado em alguma programa de flashback nas rádios.
Pretendo também republicar em breve um texto sobre o Takayuki Miyauchi que escrevei em 2015, na data de seu aniversário (que coincidentemente é a mesma de Bioman e Winspector). Vou dar uma revisada pra sair um negócio bem legal. Grande abraço!
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Oi, César!
Desde já estou aguardando a matéria sobre o Takayuki Miyauchi. Infelizmente, nunca vi um show dele ao vivo, mas vontade não falta. É uma voz fantástica e merece toda a reverência.
Abraço!
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Por incrível que pareça, mestre, apesar do Miyauchi ter vindo pra cá junto com o Kushida em 2007, não pude assistir ao show dele. Na época acabei indo apenas num único dia (sábado). Mas consegui falar com ele e até hoje guardo o seu autógrafo. Lembro dos detalhes como se fosse ontem.
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