
O sucesso de filmes como Godzilla e Rodan abriu portas para mais produções de filmes de monstros gigantes entre a segunda metade dos anos 50 e também durante os anos 60. Formando assim o fenômeno “kaiju boom”. Futuramente a Toho figuraria seus “big five” deste gênero de filmes. E um desses kaijus mais importantes e queridos certamente atende pela divina mariposa gigante.
Mothra, a Deusa Selvagem estreou nos cinemas japoneses em 30 de julho de 1961. Fruto da parceria entre o produtor Tomoyuki Tanaka, o diretor Ishiro Honda e o mestre dos efeitos especiais Eiji Tsuburaya.

A história começa no Pacífico Sul com um naufrágio de um navio que fora provocado por um tufão. Quatro marinheiros sobreviventes se abrigaram na (fictícia) Ilha Infante e foram resgatados, mas milagrosamente eles não são afetados. Os próprios atribuem isso aos sucos fornecidos pelos nativos da ilha. Tempos antes dos eventos do filme, a Ilha Infante, situada nas proximidades da Polinésia, serviu como sítio de testes de nucleares por Clark Nelson. Um poderoso homem de negócios de Rolisica, capital da (fictícia) metrópoles New Kirk City (um híbrido de São Francisco e Nova Iorque).
Afim de investigar o caso, o jornalista Senichiro Fukuda (a.k.a. Bulldog) e a fotógrafa Michi Hanamura, do jornal Nitto, procuram os sobreviventes para buscar informações. Enquanto isso, a embaixada de Rolisica promove uma expedição à Ilha Infante, sob os comandos de Nelson. Fukuda navega como um clandestino e ao ser descoberto é aceito na missão. Está também na equipe o Dr. Shinichi Chujo, estudioso de culturas das ilhas. Chujo conseguiu decifrar o significado de um hieroglifo formado por uma estrela radiante em forma de cruz. Tal figura se traduz como Mothra.
Ao chegar ao local, Chujo é atacado por uma planta vampira e é salvo por duas garotas que medem aproximadamente doze polegadas de altura. Fukuda as chamam de Shobijin (“pequenas belezas” numa tradução livre) e deseja que a ilha seja poupada de testes atômicos. A equipe de expedição retorna ao Japão e a informação sobre a existência das Shobijin foi omitida. Porém, Nelson e seus capangas voltam à Ilha Infante para capturá-las e com isso acabou matando vários nativos. Um deles consegue escapar e prontamente clama por Mothra. Nelson cria um espetáculo com as Shobijin. Mas isto pode custar a destruição de Tóquio, mesmo contra a boa vontade delas, pois Mothra desperta e atravessa o oceano para resgatar suas servas com furor.

Mothra, a Deusa Selvagem foi o filme kaiju de maior escala dos tempos dourados do estúdio Toho, que havia solicitado três novelistas para escrever um terço da história. O roteirista Shinichi Sekizawa (que havia estreado neste ramo dos filmes kaiju em 1958 com Varan – O Monstro do Ocidente) criou pistas básicas. Foi dele também a ideia de inserir as Shobijin para dar mais sinergia aos personagens principais. A cena final na tal New Kirk City sequer estava no roteiro original, porém encomendado pela Columbia, devido ao sucesso de O Monstro da Bomba H (1958) e Mundos em Guerra (1959) nos EUA. A Toho já havia filmado outro final, que obviamente ficou de fora. Uma decisão acertada, pois o clímax foi marcante.
A trilha sonora de Mothra foi composta por Yuji Koseki (1908~1989), compositor do clássico do cinema japonês A Flor de Lis (de 1953). Sua carreira era focada em canções de sucesso da Nippon Columbia. Koseki era compositor das músicas da dupla The Peanuts e foi escolhido não por este detalhes, mas pela trilha sonora do filme carregar tons de música ópera (bem mais leves que o estilo de Akira Ifukube).
Interpretada pela dupla The Peanuts, as clássicas “Song of Mothra” e “Daughters of Infant Island” foram verdadeiras obras primas de Yuki Koseki. Os respectivos letristas foram Koji Yuki e Susumu Ike. Koji Yuki nada mais é que o pseudônimo de Tomoyuki Tanaka, Ishiro Honda e Shinichi Sekizawa. Já Susumu Ike é o pseudônimo de Koji Kajita, assistente de Ishiro Honda.
Nascidas em 1 de abril de 1941 na cidade de Tokoname, província de Aichi, as irmãos Emi e Yumi Ito foram a sensação da música pop japonesa no começo dos anos 60 pela duple The Peanuts. O sucesso de ambas foi tão grande na época que rendeu uma participação no extinto programa The Ed Sullivan Show em 3 de abril de 1966. The Peanuts ainda retornariam como Shobijin em 1964 nos filmes Godzilla Contra a Ilha Sagrada (Godzilla vs. Mothra) e Ghidrah, O Monstro Tricéfalo. Emi Ito morreu ao 71 anos no dia 15 de junho de 2012 e Yumi Ito morreu aos 75 em 18 de maio de 2016.
No elenco estrelou Frankie Sakai como Fukuda. Nos filmes tokusatsu participou apenas de The Last War, também do mesmo ano e não voltou mais a atuar no gênero. Era também músico e comediante. Morreu de insuficiência hepática em 10 de junho de 1996 aos 67 anos; Hiroshi Koizumi (astro de Godzilla Raids Again) interpretou o Dr. Chujo; Jerry Ito foi o antagonista Nelson e também participou de The Last War. Em 1977 foi Polansky no filme live action de Golgo 13, estrelado por Sonny Chiba. Morreu quatro dias antes de completar 80 anos em 8 de julho de 2007, vítima de pneumonia. Lutava contra um câncer de estômago; Ken Uehara participou dos filmes kaiju Gorath (1962) e Atragon (1963). Participou do primeiro episódio da série Metalder como Dr. Koga. Morreu em 23 de novembro de 2007 aos 82 anos; Takeshi Ishimura (de Os Sete Samurais e Godzilla) foi Sadakatsu Amano, o editor-chefe do jornal Nitto; Akihiko Hirata (Godzilla e Os Bárbaros Invadem a Terra) e Kenji Sahara (O Monstro da Bomba H) aparecem em pontas.

O clássico vendeu mais de nove milhões de ingressos. Um número impressionante até mesmo para o tamanho do arquipélago. Um filme muito bem produzido para os padrões como nenhum outro filme kaiju jamais foi feito e/ou deverá ser igual, mesmo para os tempos atuais. Um trabalho espetacular escolhido a dedo. Mais do que um ícone da cultura pop, Mothra, a Deusa Selvagem é um filme a se apreciar não apenas pelos efeitos especiais, mas também pelos demais elementos que ajudaram a se tornar uma produção ímpar e majestosa.
Acho que vale a pena citar que esse filme passou no Brasil ! E milagrosamente teve uma reprise nos anos 90 no Cine Trash….! Muitos filmes da Toho passaram no Brasil ..como: Latitude Zero ,Mundos em guerra , Godzilla vs Mothra (64) entre outros. … tenho muitos deles inclusive o Monstro da Bomba H dublado….
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Oi, Livre. Os filmes kaiju exibidos por aqui estão com os títulos em português. Os inéditos eu cito em inglês pra facilitar a pesquisa. Tô atrás das datas de estreia no Brasil, mas são bem difíceis. Não sabia que o filme da Mothra passou no Cine Trash (o terror das tardes). Assistia Godzilla vs. King Ghidorah (de 1991) e Godzilla vs. Mothra (de 1992) sempre que passava no Cinema em Casa, do SBT. Foram meus primeiros contatos com os kaijus da Toho. Bons tempos. Abraços.
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Foi realmente uma surpresa quando esse filme passou no Cine Trash ! Nessa época eu já era colecionador e o vídeo cassete foi imprescindível. . Mas a exibição teve muitos cortes, talvez para se encaixar no horário da programação. .. Uma outra curiosidade foi que entorno de 1993 (salvo minha memória ) a TV Record passou o filhe ” Mundos em guerra ” também da Toho…. esses filmes de Kaiju eram comuns na TV Tupi e TV record e alguns passaram no cinema ….lembro do cartaz do filme “Gamera vs Zigra ” em 1973 em um cinema aqui de SP …. Na TV record no começo dos anos 80 passou um filme coreano de Kaiju que no original se chama YonGary (não lembro do nome aqui no Brasil e que ele é coreano só descobri anos mais tarde ).. as noites na Record eram incríveis com filmes do Gamera, Fuga de King Kong, Godzilla vs King Kong etc. … Quem viu ! Viu !
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Nossa, maravilhoso saber que alguém tem o “monstro da bomba H” dublado. Qual é a dublagem e como consigo isso com vc ? Vc pode postar ele ou troca etc ?
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Nasci em Junho de 66. Assisti a esse filme quando era criança, na tv.
E nunca esqueci.
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Vi o filme recentemente pela rede ngt) Brasil que reprisa clássicos do cinema. Um filme sem grandes pretensões mas com um enredo super interessante e que prende o espectador do início ao fim. Vale a pena! Muito bom também o número de arte do filme lembrando que a arte japonesa apesar de pitoresca visa sempre o belo. Gostei. Acho até que a emissora devesse passar mais filmes japoneses com os mais variados temas.
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