
É compreensível que a imprensa não-especializada em tokusatsu não domine sobre Godzilla ou qualquer outra coisa relacionada ao gênero. Mas é preciso que se diga que a crítica em geral – tanto no Brasil quanto nos EUA – foi injusta nas análises. Ainda assim, Godzilla II: Rei dos Monstros arrecadou (até o momento em que escrevo esse post) US$ 179 milhões. O custo de produção foi de US$ 170 milhões.
Nos EUA, o filme estreou em primeiro lugar e arrecadou US$ 49 milhões. Alguns portais brasileiros foram tendenciosos dizendo que a bilheteria americana foi “decepcionante” no primeiro fim de semana. Só que outros números foram omitidos por tais jornalistas. Godzilla II estreou em primeiro lugar. O remake de Alladin ficou em segundo, com US$ 42 milhões e Rocketman, a cinebiografia do cantor britânico Elton John, estreou em terceiro . Vamos combinar também que a bilheteria internacional foi de US$ 130 milhões.
Consideremos também que há países que ainda não lançaram Godzilla II. O filme ainda vai enfrentar a concorrência de X-Men: Fênix Negra, MIB: Homens de Preto Internacional e Toy Story 4 durante o mês de junho. Ainda é cedo pra comemorar, mas os números não deixam de ser expressivos.
O que vem me impressionando nos últimos dias é o quão a imprensa não-especializada subestima a força de Godzilla. É só procurar por aí comentários como “não passa de um vale-tudo de titãs”, “UFC de monstros” e coisas do tipo. Afinal, o que os críticos esperavam de um filme de monstros gigantes? Mas nada supera um patético comentário da Folha S. Paulo que afirmou que Godzilla II “não é para gente normal”. É rir pra não chorar.
Veja bem: a questão não é julgar o gosto e a visão dos jornalistas. Porém, é evidente a falta de cuidado, de pesquisa e até de consultoria no ramo. Mais evidente ainda é asco por esse tipo de filme. A verdade é que Godzilla II foi bem construído. As referências/easter egs não serviram de muleta para contar a história, que fluiu muito bem. Aliás, foi um filme que soube respeitar e valorizar a mitologia do Rei dos Monstros. Um ícone que faz parte da história do cinema, quer queira ou não.

Essa subestimação é coisa antiga. Em termos de Brasil, produções como Jaspion e Changeman chegaram a ser hostilizados como algo que “não é legal” e coisas do tipo. Até hoje é assim, mesmo com a existência de veículos que entendem do assunto. No caso de Godzilla, os efeitos podem ser datados (pra não dizer “toscos”), mas não deixa de ser imprescindível para os amantes do tokusatsu. Há toda uma pegada de ficção-científica e metáforas sobre problemas nucleares, interferência humana e outros questionamentos que podem sim ser vistos por crianças, como também podem muito bem ser compreendidos e apreciados pelos adultos. O mesmo serve em Godzilla II. A diferença está na narrativa, mas sem deixar de reverenciar todo o conjunto da obra criado pela Toho. Ok, pode até não chegar a ser um fenômeno como Vingadores: Ultimato, mas Godzilla II é tão relevante quanto e a barreira pode ser superada em questão de tempo — assim como aconteceu com os heróis da Marvel e a DC, que eram taxados como “coisas de criança” e hoje são venerados também por leigos.
Enfim, acredito que essa novela tenha um final feliz e que a meta seja alcançada logo logo. Fiquemos atentos.
Senhores jornalistas de plantão, por favor, um pouquinho de informação e respeito. E vida longa ao Rei!
Nesta terça (4) participarei da live da Resistência Tokusatsu para falar sobre o filme. Estarão também Lulu Gabriella (do Serial Cookies), Caio Catarino (da Rádio Geek) e Thiago AP (do Clube Rider). Começa às 21h.
Correção (5 de junho): As primeiras informações indicaram que o orçamento foi de US$ 200 milhões. Na realidade seu orçamento é de US$ 170 milhões (segundo o Box Office Mojo) e a bilheteria total já passa dos US$ 180 milhões.
Falou tudo Cesinha! Tudo que temos comentado e questionado sobre a posição da imprensa “grande” brasileira. E Hj com a tal noticia da imprensa americana! Vamos aproveitar muito o momento na live amanhã para trazer para as pessoas que é muito mais que gigantes e embates! Excelente texto como sempre Cesinha! Arrasou!
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É isso aí, Lulu. Pelo que percebi, os americanos comemoraram o ranking doméstico. Temos que aguardar o resultado da bilheteria dos próximos dias. Amanhã vamos comentar analisar sobre o filme e os números da bilheteria. Obrigado pelo apoio de sempre.
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