Explorando a franquia Toei Fushigi Comedy Series

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Thutmose, a heroína que substituiu Patrine no Japão

O canal Toei Tokusatsu World Official está no ar desde a semana passada e conta com os dois primeiros episódios de 70 séries (55 no Brasil) e mais o filme Shin Kamen Rider: Prologue (de 1992). Resolvi aproveitar minhas férias nessa quarentena pra fazer uma maratona com todos os títulos disponíveis. Inclusive, encarei os clássicos da obscura franquia Toei Fushigi Comedy Series.

Antes de tudo, é bom explicar que esse texto é uma análise parcial. Uma vez que a única série completa que assisti foi Patrine, justamente por ter sido exibida no Brasil pela extinta Rede Manchete. Embora seja uma franquia criada por Shotaro Ishinomori (de Kamen Rider), ela não é popular no ocidente. Em contrapartida, a audiência de várias dessas séries passavam de 10% a 15%. Algo superior para os números de Super Sentai e Metal Hero da época.

Inicialmente, o foco era em robôs similares ao Robocon (personagem criado por Ishinomori em 1974). Portanto, surgiram os pioneiros Robot 8-chan (Hacchan, de 1981) e Batten Robomaru (de 1982). Essa fase inicial ainda gerou as criaturinhas Pettonton (1983), Nemulin (1984), Kamitaman (1985) e Bokkun (1986; não adicionado no canal Toei Tokusatsu).

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Robot 8-chan, o primeiro da franquia de Ishinomori

A segunda fase foi formada pelas séries Hard Gumi (1987) e Marin Gumi (1988), que apresentavam espécies de grupos de detetives mirins que eram desafiados por vilões mascarados.

A terceira e última fase provavelmente é a mais chamativa, por introduzirem garotas mágicas através das séries Chukana Paipai, Chukana Ipanema (ambas de 1989), Patrine (Poitrine, 1990), Thutmose (1991), Utau! Dairyugujou (1992) e Shushutorian (1993; não adicionado no canal da Toei).

Se você tem interesse, tenha em mente que essas séries tokusatsu são muito atípicas às produções do gênero que nós brasileiros estamos acostumados. Aliás, é bom frisar que Ishinomori não focava apenas em super-heróis, mas também criou séries de robôs como Ganbare!! Robocon, Robot 110-Ban, o que era bastante popular na década de 70.

O canal da Toei atualiza a partir desta semana as séries iniciais de cada fase de Fushigi Comedy (confira a programação aqui). Quem assistiu Patrine na Manchete e gostou, tem mais chances de apreciar e buscar a franquia. Talvez por isso que eu sempre tive interesse em acompanhá-la de alguma forma. A necessidade de informação por tokusatsu e pelas obras de Ishinomori, minha sede por produções oitentistas e até a boa trilha sonora são pontos que me impulsionam a buscar esses clássicos.

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Patrine, a heroína-tútulo que… despensa apresentações

Boa parte das Toei Fushigi Comedy Series carregava comédias pastelão para o público infantil (é óbvio). Por mais trash que a grande maioria possa ser, não são de todo ruim. Quem curtiu Robocon, vai assistir facilmente as aventuras dos robozinhos. Quem viu Patrine na infância vai se identificar com Hard Gumi e Marin Gumi. E quem viu a Estrela Fascinante e curte Sailor Moon, vai dar chance para as guerreiras.

O negócio é não esperar muita coisa e achar que tinha que ter explosões na pedreira e coisas do tipo. Não se iluda e essa talvez não seja sua praia. Assim como Patrine, os cenários são urbanos, as tramas misturam carisma e bizarrice e coisas do tipo. Essas são as características e elas foram se adaptando durante os 12 anos de exibição nas manhãs de domingo da Fuji TV.

E pode ser contraditório o que eu vou dizer: o aspecto trash de Fushigi Comedy pode ser melhor que qualquer Super Sentai da vida com histórias bobas e Reds que gritam a qualquer hora. Pode ser que o fator nostalgia fortaleça a apreciação pela franquia Ishinomori? Sim. Saudades de uma época que não foi vivida? Talvez. Mas tudo é questão de gosto e isso não se discute. Podem me chamar de “louco”, mas a gente que é fã tem um pouco disso mesmo, segundo a ótica das pessoas “normais”, não é?

Particularmente eu gostei mais das séries de detetives e das garotas mágicas. E culpa disso é de Patrine, não tem jeito. Muitos dos elementos vistos nas séries estiveram presentes antes e depois dela. Minhas ressalvas ficam mesmo para Nemulin e Utau! Dairyugujou. A primeira é pela trama do bichinho cor-de-rosa ser fraquinha e a segunda por ser um musical que fugiu drasticamente da ação e da comédia.

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Otohime, a princesa protagonista de Utau! Dairyugujou

Mas sendo bem sincero, a franquia Toei Fushigi Comedy Series não faria mesmo sucesso no Brasil. É algo muito cultural para o público japonês da época. Aliás, se Patrine tivesse a sorte de fazer sucesso por aqui como esperava o sr. Toshi, da extinta distribuidora Tikara Filmes (provavelmente extasiado pela média de 15.0% no Japão), a série mais provável a embarcar por aqui seria Thutmose. A série da garota com poderes de uma antiga civilização egípcia era aparentemente mais leve, seu humor era mais moderado para os padrões e tinha uma certa “consistência”. Seguindo o raciocínio dessa hipótese, se tivesse sucesso, poderia vir Utau! Dairyuguou e consequentemente as chances de sedimentação da franquia no Brasil iriam naufragar (sem trocadilho).

Embora seja uma franquia de tokusatsu, Toei Fushigi Comedy Series não foi feita pra ser tradicional como as famosas produções da casa, mas sim para ser inusitado, goste ou não. Boa parte pode ser apreciada agora no canal da Toei e, quem sabe, os clássicos atinjam algum tipo de status cult agora que estão online mundialmente.


4 comentários sobre “Explorando a franquia Toei Fushigi Comedy Series

  1. Adorei sua análise! Sinceramente, eu só curti PaiPai, Thutmose, Marin Gumi e Hard Gumi. Gostaria muito de continuar acompanhando, mas fiquei sabendo que os próximos episódios virão sem legenda, o que é uma pena. Espero que futuramente alguém às legende, assim como Blue SWAT. Ficam as recomendações aí, fansubers.

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  2. Gostei da sua análise!! Eu assisti alguns títulos da franquia e gostei do que vi! Patrine é imbatível, mas eu também gostei de Batten Robomaru,Go! Robottie, Utau! Dayriujugou e Nemulin. Só reclamo da excessiva demora da Toei em postar os episódios das séries supracitadas,sem falar que eles têm a pachorra de postar os episódios sem nenhuma legenda!
    Ah,sim ainda sobre Nemulin, uma curiosidade: a atriz que interpretava a menina Mako Oiwa, que encontra Nemulin e passa a viver com ela e com seus criados, Vivien e Monroe, era interpretada por Sayuri Uchida, que tempos mais tarde, faria a Ako Hayasaka/Blue Swallow, da série Super Sentai Cult Chōjin Sentai Jetman.

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  3. Estou vendo PaiPai e Patrine. Mas outras me interessaram também.
    Reparei que várias aberturas dessa série Fushigi Comedy têm uma arte com os personagens estilizados, principalmente as dos anos 80. Alguém saberia dizer o nome do artista? É um estilo interessante de arte em relevo. Estou na busca desse artista. Se alguém puder ajudar, agradeço.

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