Há 25 anos, Kamen Rider Black RX estreava no Brasil pela extinta Manchete

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O filho do sol após destruir um vassalo do Império Crisis | Divulgação

Quando se fala na extinta Rede Manchete logo vem a lembrança de seus telejornais, novelas, transmissões de carnaval e coisas do tipo que aconteceram e viraram história de quase 16 anos. Impossível também não lembrar da ascensão e queda das séries tokusatsu, e a retomada que veio em seguida com Patrine, Winspector, Solbrain, além do animê Os Cavaleiros do Zodíaco, que se tornou uma verdadeira coqueluche pelo Brasil afora. Nesta fase, precisamente no dia 24 de julho de 1995, a emissora carioca estreava Kamen Rider Black RX, que era uma sequência de um grande sucesso que marcou o comecinho daquela década.

A trama se passa algum tempo depois do final de Kamen Rider Black. A derrota dos Gorgom chama atenção do tirânico Império Crisis, que estuda minuciosamente tudo sobre a vida de Issamu (Kotaro) Minami, bem como seus golpes e técnicas como um ser modificado. Ao ser capturado pela tropa liderada pelo General Jark, Issamu recusa a chantagem de se aliar aos invasores do espaço e morre no espaço sideral, com a destruição de King Stone, sua fonte de transformação.

Milagrosamente (entenda: deus ex machina), o King Stone absorve a energia dos raios solares. Assim, Issamu renasce como Kamen Rider Black RX, o filho do sol, e se determina a lutar contra as forças do mal e impedir a chegada de bilhões de crisianos. Battle Hopper, a moto de Black, que foi destruída, renasce como Acrobatter.

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Issamu Minami e sua namorada Reiko Shiratori | Divulgação

Diferente de Black, onde Issamu encarou uma atmosfera sombria em sua luta contra os Gorgom e ficou sozinho no final, agora ele havia encontrado sua redenção antes da chegada de Crisis. Issamu estava vivendo junto com a família de seu tio Shunkichi Sahara, trabalhava na empresa dele como piloto de helicóptero e até tinha uma namorada, a fotógrafa Reiko Shiratori (interpretada por Makoto Sumikawa, a Lady Diana em Spielvan). Mais tarde, o herói conta com a ajuda do espadachim Joe Kazumi (vivido por Rikiya Komiya, a voz japonesa de Jack Bauer em 24 Horas), um humano transformado em ciborgue e que perdeu parte da memória, e da garota Kyoko Matoba (vivida pela atriz Megumi Ueno, a Kazumi em Jiraiya), que adquiriu poderes paranormais após a morte de seus pais. Na reta final, Issamu recebe a ajuda dos primeiros 10 Kamen Riders que protegeram a paz e a justiça no passado.

Kamen Rider Black RX foi a primeira série da franquia a adotar formas alternativas para um herói. Aqui, RX ganhou poderes do príncipe da tristeza Roborider e do príncipe da ira Biorider. O primeiro tem mais força e também resistência à altas temperaturas. Enquanto o segundo tem mais velocidade e agilidade, podendo também se liquefazer, se encolher e até entrar no corpo de pessoas. Mas isso não era uma exclusividade da série. Em 1972, a produtora Toho (a mesma de Godzilla e Cybercop) havia criado a série Rainbowman, onde o herói-título possuía nada menos que sete formas. O elemento acabou se tornando tradição em todas as séries Kamen Rider da era Heisei e vinga até hoje com Kamen Rider Zero-One, a primeira da era Reiwa.

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RX medindo forças contra Shadow Moon, que retornou do inferno | Divulgação

Se você curtiu Black, talvez se decepcione ao ver que Black RX não tem a atmosfera sombria de antes. Mas vá de mente aberta. A série não é a melhor e nem a pior da franquia. É verdade que há alguns momentos inconsistentes (como a volta de Shadow Moon em apenas dois episódios e sem memória), mas dá pra curtir como uma série isolada e sem compromisso. Há pontos positivos na série e suas falhas são compensadas com a trilha sonora, interpretada praticamente toda por Takayuki Miyauchi (que já esteve em eventos no Brasil como Anime Friends e Sana).

Sobre a permanência do astro Tetsuo Kurata (que esteve no Brasil em 2015 como atração do Anime Friends) como Issamu Minami, foi uma insistência do saudoso mangaká Shotaro Ishinomori, que havia dito para ele: “Não existe outra pessoa que possa te substituir como Kamen Rider“. Em troca, Kurata queria que seu personagem fosse mais feliz e que queria interpretá-lo de outra maneira. Independente disso, a Toei já planejava fazer algo diferente de Black. Ou seja, a antiga série passaria por uma desconstrução e foi remontada em seguida – mantendo os conceitos de Kamen Rider e adaptando para seu período em vigência.

Os bastidores da produção de Black foram bastante tensos por falta de definições, o que acabou fazendo com que o roteirista Shozo Uehara (falecido no começo deste ano) decidisse se afastar do projeto. Em Black RX a coisa engrenou com visão no mercado de brinquedos. O herói teria a espada Metalion (Revolcane) para destruir os monstros da semana. Quebrando um pouco os padrões, o Kamen Rider teve o carro Ridron.

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A derrota de Dasmader, o verdadeiro Imperador Crisis | Divulgação

Licenciada pela extinta Tikara Filmes, do sr. Toshihiko Egashira, Black RX foi a última série original de tokusatsu a estrear na Manchete. No ano seguinte de seu lançamento, a emissora ainda lançou Superhuman Samurai, que nada mais era que uma adaptação americana de Denkou Choujin Gridman. Sem contar as reprises incompletas de National Kid e Ultraman. Mas a então nova saga de Issamu Minami era última “novidade” de tokusatsu vinda diretamente da terra do sol nascente. Não teve o mesmo glamour que Black e provavelmente seria só mais um enlatado japonês se não fosse pelo sucesso do (primeiro) homem mutante. Não foi um sucesso avassalador (coisa que Cavaleiros e Power Rangers já faziam na época), mas foi bem recebida por aqui, com direito a lançamentos de linha de brinquedos pela extinta Glasslite e episódios em vídeo pela InterMovies.

Curiosamente, houve uma consultoria realizada pela dupla Marcelo Del Greco e Alexandre Nagado, da extinta revista Herói, que reforçaram as informações nos bastidores do lançamento no Brasil. Certamente por isso que Issamu Minami voltou a ser dublado por Élcio Sodré (a voz de Shiryu de Dragão em Cavaleiros). Ricardo Nóvoa e Patrícia Scalvi, que fizeram as vozes dos sacerdotes Danker e Pérola, respectivamente, em Black, foram escalados para serem vilões novamente, desta vez como Jark e Maribaron. Foi o único trabalho de tokusatsu do saudoso Paulo Celestino (Máscara da Morte de Câncer em Cavaleiros), que interpretou Gatezone e foi o último de Ricardo Medrado (MacGaren em Jaspion), falecido em 2002. Por algum motivo, Francisco Bretas não reprisou como Shadow Moon, mas interpretou Dasmader, vilão que aparece no meio da série. Black RX foi dublado no extinto estúdio Álamo, que havia trabalhado com vários outros produtos do gênero tokusatsu como Jaspion, Changeman, Jiraiya, entre tantos outros.

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Black, Biorider, Roborider e RX juntos em Kamen Rider: Run All Over the World, curta-metragem inédito no Brasil | Divulgação

O clássico ficou na programação da Manchete até o final de 1997, quando o extinto canal pago Fox Kids já exibia sua contraparte americana, o bizarro Saban’s Masked Rider. Mas isso é assunto para um futuro próximo (ou não). Hoje, exatamente 25 anos após sua estreia nacional, Black está com retorno garantido para o Brasil pela distribuidora Sato Company (com direito à dublagem do inédito último episódio, realizada recentemente pela Centauro). Black RX tem chances de voltar para o Brasil e sem entraves por conta de adaptações. Que volte logo com tudo e em qualidade em alta definição.

Henshin!


5 comentários sobre “Há 25 anos, Kamen Rider Black RX estreava no Brasil pela extinta Manchete

  1. Rx é uma série bacana, mas a mudança radical no clima me incomoda. Sem contar os furos, como o esquecimento da Kyoko e da Satie, o sumiço da Road Sector, a volta sem graça e morte pior ainda de Shadow Moon. Perdeu o impacto emocional e black. A manchete tbm perdeu chance de promover a série. Podia muito bem ter trazido o último episódio de Black pra Rx estrear com chave de ouro e reparando um erro histórico (o que vai ser feito agora pela Sato). Não me recordo, mas parece que rx tbm teve problemas com o último episódio neh? Ele saiu só em VHS? Aliás, valeria um post sobre séries da manchete sem último episódio rs. Abraço!

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  2. Que estranho .todos falam dos últimos episódios de Black e RX que não foram exibidos na TV ,mas eu lembro de ter assistido a ambos . Essa onda de tokusatsu da manchete não me afetou á época ,porque não tinha TV ,meu primo que um dia me falou de seriados do Japão que estavam passando , quando vi achei Changeman extremamente tosco e mal feito mas Jaspion e Black tinham roteiros ,trilhas e direção bem atraentes. Mas dois ou três anos depois pude de fato acompanhar na íntegra este seriado ,de fato um dos melhores .Já RX era mais infantil a trilha empolgava mas o endereço era muito fraco . Só acompanhava porque na época meus filhos gostavam muito .mas terminou e não deixou saudades .

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