Após entrave, final de Kamen Rider Black não terá clima de Copa do Mundo

O final inédito no Brasil deverá chegar antes do tempo | Divulgação

Na recente edição da minha coluna no site JBox, fiz uma retrospectiva sobre os altos e baixos do tokusatsu no Brasil. Um dos temas era sobre a estreia de Kamen Rider Black na Band e sua suspensão, que ocorreu após a exibição dos dois primeiros episódios. Na mesma noite em que a edição foi publicada, recebi uma boa notícia: Elcio Sodré entrou em acordo com a distribuidora Sato Company. Ou seja, os direitos conexos já foram devidamente pagos ao dublador que interpretou o herói-título em 1991.

É bem verdade que a situação foi traumática. Ora, o problema não deveria cair no conhecimento do “tribunal do povo” (termo utilizado pelo amigo Danilo Modolo em seu vídeo mais recente no canal TokuDoc). Indo mais longe, nem deveria ter acontecido. Sodré está certo em receber por seus direitos e o acordo deveria ter sido honrado antes do lançamento para a TV. Por causa disso, as séries tokusatsu (que estariam em outro horário em meados de setembro) foram descontinuadas da grade da emissora do Morumbi.

Isso desgastou e muito a possibilidade de firmar os clássicos na programação. Se esse problema não tivesse acontecido, certamente estaríamos perto do arco final, com a aparição de Shadow Moon. O último episódio seria exibido em meados de fevereiro de 2021.

No dia da suspensão de Black na TV, a minha coluna para o dia seguinte já estava pronta. O assunto principal seria sobre a falta de alinhamento entre a Band e a Sato Company na estreia do dia 30 de agosto. Tive que adaptar muita coisa para o pretérito do futuro para situar o leitor ao que tinha acabado de acontecer. Na ocasião, disse que o canal e a distribuidora deveriam traçar um objetivo para que a série chegasse ao fim com segurança e que o final – inédito no Brasil – deveria ficar guardado como uma carta na manga.

Acompanhe meu raciocínio: a dublagem foi realizada em julho desse ano. Daqui até o momento do último episódio, a Band e a Sato poderiam criar materiais de expectativa. Entrevistas, curiosidade ou qualquer coisa do tipo. Com a exibição do último episódio, os fãs estariam unidos, através das redes sociais e para celebrar esse marco. Talvez a experiência fosse similar a um final de Copa do Mundo ou mesmo ver o final de Dragon Ball Super em praça pública. Tal interação impulsionaria o final na TV, antes e durante a exibição.

Mas Black já está disponível na plataforma de streaming Amazon Prime Video. Por ora, apenas com áudio original e legendas em português. Disse também na mesma coluna que o lançamento do episódio final no streaming, antes da TV, mataria toda a expectativa em volta do material inédito. Seria um erro fatal, mas outro bem pior já foi feito. Foi resolvido, mas ficaram as consequências.

Não há muito o que fazer senão esperar que os últimos 14 episódios de Black sejam adicionados no Prime Video, com legendas (do competentíssimo Gustavaum) e a dublagem. Pode ser que Black volte para a TV, mas isso pode demorar. Depende da boa vontade da Band, que tem parceria com a Sato. Caso isso aconteça e a exibição chegar ao fim, já teremos assistido o final dublado na internet.

Celebraremos, mas não com aquele clima de futebol no Twitter. Cada um vai assistir em casa, no seu tempo e a reação na internet não será simultânea, com foram nas 26 semanas de tokusatsu na Band. Nem tudo é como a gente quer, não é mesmo?


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