Memória: meu primeiro contato com a Rede Record e seus clássicos de 30 anos atrás

Jaspion era exibido pela Record em agosto de 1995 | Divulgação: Toei

Essa imagem acima, do Jaspion no cockpit do Daileon, certamente está na memória afetiva de quem viveu a época da extinta Rede Manchete ou mesmo para quem era da geração reprise em meados dos anos 1990. Mas a cena específica a seguir tem um significado especial para este colunista. Pra ser mais exato, é do último episódio da série, reprisado exatamente na tarde do dia 11 de agosto de 1995, quando conheci a Rede Record há exatamente 30 anos.

Contextualizando: esta data foi de quando a Record foi transmitida pela primeira vez aqui em Fortaleza, ainda em caráter experimental. Curioso desde sempre, o pequeno Cesinha costumava assistir muita TV e, de vez em quando, zapeava alguns canais na banda UHF para ver se encontrava alguma novidade.

Até então, só tínhamos oficialmente a extinta Manchete (canal 2), Cultura (canal 5; TV Ceará), SBT (canal 8; TV Cidade), Globo (canal 10; TV Verdes Mares), Band (canal 12; TV Jangadeiro) e a também extinta MTV Brasil (canal 54). Sim, poucos canais para uma variedade que temos hoje em dia. E, até então, eu não sabia da existência da Record, que é a emissora mais antiga em atividade no Brasil.

O logotipo da Record em 1995 | Divulgação

11 de agosto de 1995 era uma sexta-feira e foi brincando de zapear canais, por volta das 16h20, passando vários números de canais com estática (aquele chiado e marcas pretas e brancas), que de repente sintonizei o canal 14 UHF. Estava passando os últimos minutos do episódio final de Jaspion, quando o herói derrotou definitivamente o Poderoso Satan Goss.

Fiquei até o final, obviamente, e pra mim surgiu uma nostalgia e a vontade de rever essas séries (que hoje conhecemos por serem do gênero tokusatsu). Às 16h30, surgiu uma vinheta de inter programas da Record com um controle remoto passeando por uma sala virtual que se dirigia a uma tela de TV. Em seguida, era exibido o episódio 10 de Sharivan. Curiosamente, este também foi meu primeiro contato com a série tokusatsu de 1983, já que mal acompanhava a programação da Bandeirantes, quando a série foi exibida por lá entre 1990 e 1991.

A programação seguiu às 17h com Terra de Gigantes, clássico de Irwin Allen de 1968 — que virei fã, anos mais tarde, por meio de reprises pelo extinto canal pago Fox. Às 18h, foi ao ar outro clássico: Os Três Patetas. Como o sinal era direto de São Paulo, pude assistir ao telejornal local Informe SP, às 18h40, e em seguida o Jornal da Record, apresentado por Chico Pinheiro, às 19h.

O horário nobre da Record, nas sextas-feiras, se destacava pela exibição do programa infantil Agente G, que tinha uma hora e meia de duração e era apresentado pelo saudoso Gérson de Abreu, o primeiro apresentador do programa infantil X-Tudo na TV Cultura. Em seguida, uma dobradinha de séries americanas: Paixões Perigosas, às 21h30; e Arquivo X, às 22h30. Em tempo, no dia 11 de agosto de 1995, a Record estreava a segunda temporada da saga dos agentes do FBI Fox Mulder e Dana Scully.

Fim de semana limitado

Lembro que no sábado, 12 de agosto de 1995, saí com a minha mãe para visitar os meus avós maternos. Portanto, ainda não conhecia o Note e Anote, com Ana Maria Braga (só assisti pela primeira vez no ano seguinte, quando a Record estreou oficialmente aqui em Fortaleza) e o Programa Raul Gil (só vi pela primeira vez na Manchete, a partir do ano seguinte). Perdi também a reprise do clássico Jornada nas Estrelas (sim, esse eu conhecia pela Manchete).

Mas lembro de ter visto à noite alguma coisa dos clássicos As Panteras, às 20h30; e Casal 20, às 21h30. Precisava dormir mais cedo para acordar no dia seguinte e não vi a então série inédita Chicago Hope às 22h30. Só conferi o drama médico no ano seguinte.

O domingo, 13 de agosto de 1995, era dia dos pais. Saí com meu velho para a Praia do Futuro, merecidamente. Com isso, não pude ver pela manhã o programa Imagens do Japão (que só conheci em 1999, pela Rede Mulher), nem à tarde o programa Gospel Line (conheci no ano seguinte) e a reprise da série O Homem da Máfia (que eu assistia na Globo).

À noite, passavam as séries de comédia Nanny, às 18h; Parker Lewis (às 18h30); além do drama O Quinteto, às 19h. Séries que mal sabia eu que demoraria mais um tempinho para assistir.

Mais um ano fora do ar

Como disse acima, a transmissão da Record em Fortaleza, naquele fim de semana, era experimental. E quem sintonizou o canal 14 na ocasião nem imaginava que demoraria mais de um ano a emissora do bispo voltar ao sinal aberto por aqui. Como eu estudava pela manhã, eu só tinha a tarde e/ou a noite para ver TV. Mas na segunda-feira, 14 de agosto de 1995, a Record estava fora do ar mais uma vez em Fortaleza.

Foi um banho de água fria não poder ver Jaspion e os demais programas citados acima mais uma vez. Foram meses e meses de estática no canal 14. Só descobri pouco tempo depois, pelas edições da revista Herói, a programação das séries exibidas pela Record na ocasião. Ou seja, perdemos esses e outros clássicos como Machineman, Goggle Five, Túnel do Tempo, Viagem ao Fundo do Mar, entre outros.

Pra você ter uma ideia da curiosidade do pequeno Cesinha (o meu “eu” de três décadas atrás, é claro), ele sempre observava o canal 14 para ver se a Record voltava mesmo ao ar (no fundo, ele sabia que um dia voltaria). Um dia, também numa sexta-feira à tarde, em dezembro de 1995, consegui sintonizar um sinal limpo da Record pelo canal 14 por uns dois minutos. Estava passando o programa Tarde Criança com Mariane.

Mas o sinal saiu do ar novamente e ficou assim até que em meados do segundo semestre de 1996. Durante o período eleitoral da época, o canal 14 passou a exibir por alguns meses as famigeradas barras de cor. O que prendia a atenção do espectador da capital cearense era a presença de uma boa música instrumental, especialmente do pianista francês Richard Clayderman e as canções do álbum 16 Momentos Inesquecíveis (1981) — aliás, esse foi o primeiro CD adquirido pelo meu pai no começo dos anos 1990.

Todo esse tormento acabou — pelo menos para este que vos escreve — até o dia 4 de novembro de 1996, quando o sinal da Record entrou definitivamente em caráter oficial em Fortaleza e com direito a uma forte divulgação pelas emissoras locais de rádio FM 99,9 (atual afiliada à Rede Aleluia) e Rádio Record de Fortaleza (AM 760; atual Rádio Uirapuru), ambas pertencentes à Igreja Universal do Reino de Deus.

Mas essa história eu vou contar em outro artigo… daqui a quinze meses.


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